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João de Sousa

Sábado, Dezembro 21, 2024

O Senhor Berardo

J. A. Nunes Carneiro, no Porto
J. A. Nunes Carneiro, no Porto
Consultor e Formador

DIA 15, FALAMOS

Quando penso no Senhor Berardo, não sei nunca se o que me irrita mais é a existência de pessoas como ele ou a subsistência de um sistema judicial que permite que pessoas como ele vivam impunemente.Pessoas que desejem pensar apenas na sua vidinha e ganhar o mais possível e com o menor risco são muitas e existirão sempre. Mas, essas mesmas pessoas vangloriem-se dos seus “feitos” em plena Assembleia da República é muito mais raro.

Apesar de, muitos dos que foram prestar declarações às recentes Comissões Parlamentares de Inquérito, terem literalmente gozado com os deputados e, por extensão, com todos os cidadãos. Enfim…

O Senhor Berardo irrita-me. A sua história e o que ele representa também. Mas, devo confessar que mais me enojam os que, em cargos de governo e na banca, apoiaram os seus desvarios e as suas pretensões. Sem garantias reais e sem cumprimento das regras mais básicas de avaliação de risco na concessão de crédito.

Se um de nós desejar pedir um empréstimo de 100 mil euros à banca, tem um longo e complicado processo a percorrer. Terá de penhorar a casa em questão e ainda de dar garantias pessoais ou arranjar um fiador.

No caso do Senhor Berardo,tudo foi muito mais simples e rápido. Responsabilidades? Estão em sucessivas Administrações de Bancos e na sua incapacidade de dizer “não” e de conduzir o processo com honestidade, profissionalismo e isenção. Não foi possível.

E também esses responsáveis ficarão por punir…

Agora, mil milhões de euros depois, o que se pode fazer? Não conheço em concreto a lei aplicável a este caso. Mas, certamente, o que ele fez não poderá ser considerado legal… Por isso, cumpra-se a lei. Se a lei não existir, redija-se uma lei que evite (ou desincentive) estes comportamentos no futuro. Todos nós temos uma palavra a dizer sobre isto. A primeira que me ocorre é: basta! A segunda é: justiça!

E, naturalmente, o desejo de que em Portugal muito rapidamente se criem condições objectivas para evitar estes casos ou, no mínimo, investigar, julgar e condenar os culpados de uma forma célere e exemplar.

É o mínimo.


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