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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

O sol expede raios de dentro

Rui Miguel Duarte
Rui Miguel Duarte
Filólogo; investigador do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Poema inédito de Rui Miguel Duarte

O sol expede raios de dentro

os teus recantos são a sua derradeira umbra
quando me falta tudo neles encontro
a busca pela manhã,

bastaria
uma crina de cavalo, a folha larga
de uma palmeira para esconder
o frio, um frio tanto
que já nada arrefece,

pois pode a noite ser mais negra?

e no entanto os teus recantos falam
de um além, de montes sem cume
de praias que perderam as rochas
de um meio-dia permanente nos teus lábios

e tudo isso — dizem — é o sol que dá,
que dentro dele, lá onde o teu coração arde,
encontro a busca e a manhã,
a vida e o vivê-la,

O sol expede raios de dentro
os teus recantos são a sua derradeira flama

 

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