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João de Sousa

Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

O Tecnado tomou de assalto a República!

Há uma forte corrente de influência sobre o poder político no sentido deste ser ditado por tecnocratas que tendencialmente se apossarão do espaço político em candidatura auto intitulada de independente, dentro de um partido político, a que aderirão por “pressão” externa ou vaidade saloia, sem qualquer ideologia de suporte nem sensibilidade política e também porque ainda não encontraram forma  de organização própria que assuma politicamente o modelo social do Tecnado como forma de vida em sociedade.Um modelo de organização política e social em oposição à República e a tudo aquilo que ela representa. Porque, ajuízam os tecnocratas, devem as políticas de gestão dos Países, ser estruturadas numa lógica empresarial de mercado, e o cidadão comum uma máquina que com a qualificação adequada produzirá o pretendido.

Por isso criaram um novo conceito cuja mensagem encontra eco nos media: o de haverem no País, cidadãos de primeira e cidadãos de segunda consoante o nível de qualificação escolar. Uns mais qualificados e outros menos qualificados.

Para esta “casta superior” toda a “inovação” da organização social passa pela visão académica da organização macro económica como se todos os outros não académicos fossem entupidos e as sociedades não fossem dinâmicas assentando a sua raiz económica na micro economia.

A que acrescem matriz ideológica implícita para a concretização das políticas pretendidas: o neoliberalismo. Um sistema que objetiva a existência de Estados automatizados.

Deduzem também, os tecnocratas, não dispor a classe política da formação académica correspondente. Subestimando eles, os tecnocratas, que a política é uma ciência específica em que a relevância maior se prende, e aprende, com experiências de vida nas vertentes sociais e que na especificidades das suas componentes se encontra a generalidade das diferenças que urge conciliar e resolver.

Esta é, e será, sempre, uma tarefa política e nunca uma tarefa de um burocrata que cada tecnocrata configura!

Esta vaga de fundo de usurpação da função política dissimulada, mas perceptível nos tempos que correm e nos centros nevrálgicos da organização político partidária, aparece em pleno contra ciclo com as valências herdadas de gerações antecedentes e que constituem a identidade de um povo; de uma comunidade; de uma família!

O cidadão comum mantém na memória coletiva, no que à política diz respeito, e no seu registo Histórico, as guerras civis e mundiais; as movimentações expontâneas ou organizadas do operariado industrial e agrícola; as reivindicações sociais; as movimentações populares mobilizadas por partidos políticos; as ditaduras; a democracia política e partidária; a liberdade; entre muitos outros registos individuais e coletivos.

No entanto, é de elementar justiça não misturar “alhos com bugalhos”. Se dos movimentos académicos adveio experiência social de origem, a que acresceu a jovialidade juvenil mais a experiência coletiva do movimento reivindicativo e a da organização em torno de objetivos claros, da docência tecnocrata não advém valência similar nem é esse o seu interesse como objetivo.

O seu objetivo é o poder e o retomar do controlo social por elites superiores. Simplesmente, essas que se ajuízam elites superiores, tem em si, uma contradição. Pelo menos na Europa. Onde a formação escolar e académica atingiu níveis relevantes no conjunto dos indivíduos que compõe a sociedade, e através destes, os Países que compõe o espaço geográfico da CE e outros Países desenvolvidos, ao ponto de essa condição não ser de aceitação fácil por não fazer sentido e nem sequer ser matéria de registo no atual contexto Europeu.

Quando muito, a separação que hoje se faz, é entre ricos e pobres. Separação em função da posse de meios e não da diferença ao nível do conhecimento. Sendo inclusivamente mais corrente o domínio do conhecimento pelos mais pobres e a inexistência desse mesmo conhecimento ao nível dos mais ricos.

É da História o domínio do poder por grupos sociais dominantes de uma determinada comunidade no âmbito da influência recíproca em período Histórico determinado onde não pontuam a inteligência nem o conhecimento. Mas, é da História também, que a inteligência e o conhecimento sempre lhes esteve próximo. No aconselhamento e influência nas condutas e nas diretrizes.

Coloca-se assim a questão do exercício do poder. Que é, de facto, o fim visado pelos pensadores do Tecnado como modelo político de organização da governação das sociedades onde a macroeconomia assente em inteligência artificial produziria exclusivamente riqueza.

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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