Do Avesso
Londres, no Reino Unido, São Petersburgo, na Rússia, Estocolmo na Suécia, Tanta e Alexandria no Egito, autocarro da equipa de futebol de Dortmund quando seguia para o Signal Iduna Park, os bombardeamentos de Trump na Síria…
O mapa da insanidade cresce e acrescenta, não paradoxalmente, uma previsível indiferença à opinião pública, ao contrário do efeito pretendido pelos marginais que o protagonizam.
Não tem o menor interesse o discurso envergonhado de Theresa May, ou declarações equivalentes de Vladimir Putin, de Stefan Löfven, de Abdel Fattah al-Si, de Angela Merkel ou do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson.
Não nos emociona a sucessão de atos cruéis, por parecerem fazer já parte de um quotidiano em que o nível médio se pontua pela crueldade. Tanto faz que seja na Nigéria ou em Paris, no Sudão do Sul ou na vizinha Espanha.
As nossas fotos com cores de acro-iris, em que dizíamos Je Suis Charlie, há muito que ficaram para trás, e agora sabemos que qualquer doente mental, com comportamentos desviantes agressivos, pode sair da sombra, dizer que é do DAESH ou apoiante de Trump, fazendo qualquer tipo de loucura sangrenta.
O terrorismo é esse protagonismo de fachada, episódico e fugaz, normalmente protagonizado por muito poucos, que não alcançarão a imortalidade – e que são esquecidos, normalmente, abatidos à nascença, depois de terem provocada a dor alheia e um luto que, mau grado todo o desejo infantil dos terroristas, se irá cumprir, deixando maiores resistentes, uma força ampliada, naqueles que ficam para continuar.
A massificação desvaloriza. Coitados dos pobres “jiadistas” – palavra ingrata que algum jornalista menos culto nos legou – que têm os dias contados. Não acredita? Pois note. Ou os grandes interesses deixam de investir e lhes retiram as armas um dia destes, ou os grandes interesses se mantêm, e lhes vão dando armas para poderem relançar economias, ou a opinião pública vai nivelá-los com o delinquente mais comum, que age sem bandeira nem causa feita à pressa, descrente e ávido de sangue.
Matar por matar não serve causa nenhuma. Banalizar os atos de terror não cria terror mas um estado de alerta – e de habituação – nos seres humanos, já que todos sabem que vão morrer e continuam. Nunca se conheceu nenhum caso de crentes que mudem de crença pela força, ideólogos que mudem de ideias pela força, povos que deixem de ter a sua cultura porque outra lhes foi imposta. A História está cheia de exemplos, venham eles de Mao, Salazar ou Franco, de Hitler ou Abubakar Shekau, Bil Laden, Mulá Omar ou Abu Bakr al-Baghdadi, afinal, uma lista de mortos sem glória (sim, mortos, mesmo que um ou outro nesta lista ainda esteja em momentos de estertor).
Acredito que, assim o querendo, já não existiram Talibans, ou o Boko Haram, ou aquela gentinha radical do médio oriente, com aqueles nomes que ninguém fixa e rostos que ninguém quer relembrar.
Os mísseis Tomahawk, convém repetir, matam a 2000 quilómetros de distância do alvo! É como disparar de Lisboa e acertar, com precisão, em Amsterdão… Voam a quase 900 quilómetros por hora e têm um alcance de 2 mil quilómetros, com a capacidade de mudar de altura durante a trajetória!!!
O terrorismo é uma coisa de cobardes fracassados. Dos que tapam a cara e atacam à traição e fogem para longe, nem que seja para a morgue mais próxima.
Alguém morre no mundo, violentamente, enquanto escrevo isto. E muitos nascem. E algures há quem faça descobertas maravilhosas.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90