“O Viajante Sobre o Mar de Névoa”, de Caspar David Friedrich. Friedrich é o mais alto representante do Romantismo alemão na pintura.
É o mais alto representante do Romantismo alemão na pintura, assim como esta pintura é a mais emblemática de um tempo de profunda elevação do individualismo como um bem.
Com a ascensão do capitalismo muitos ficaram ricos (óbviamente que a maioria, ainda hoje é pobre) e as posses materiais não bastavam para se diferenciarem, era necessário ter uma visão do mundo diferente, uma visão típica dos heróis gregos: o sujeito, enquanto indivíduo, tem a obrigação de ir além das massas. A centralidade do “eu” foi tomada como fundamental para o pleno desenvolvimento e melhoramento da Humanidade. Visão catastrofista que se impôs por si mesma, digo eu.
Enquanto a burguesia construía uma paisagem esteticamente perfeita, equilibrada e acima de tudo belíssima, a classe operária trabalhava exaustivamente; assim, todos os ideais românticos eram burgueses (e opressores) e todo o direccionamento da vontade, naquele momento, era romântico. Ideologicamente a classe operária também foi direccionada para acreditar que tais valores estéticos e morais eram irrefutáveis.
Friedrich pintou uma paisagem que dominou e domina a leitura do mundo das pessoas, isto é, o ideal romântico-burguês do sujeito enquanto ser-unidade, o homem enquanto responsável solitário pela sua vida. O idealismo romântico engessou a colectividade na individualidade. Para o Romantismo só o “eu” era libertador.
Informação adicional
Artista: Caspar David Friedrich
Título: Der Wanderer über dem Nebelmeer
Criação: 1818
Local: Kunsthalle Hamburg, Hamburgo, Alemanha
Material: Tinta a óleo
Dimensões: 95 cm x 75 cm
Períodos: Romantismo, Romantismo na Alemanha
Nota da Edição
Caspar David Friedrich 1774-1840
Foi um pintor, gravurista, desenhista e escultor romântico alemão, grande paisagista. Friedrich é o mais puro representante da pintura romântica alemã. As suas paisagens primam pelo simbolismo e idealismo que transmitem.
Uma das características mais originais de sua obra é o uso da paisagem para evocação de sentimentos religiosos, e daí sua fama de místico. Buscava não apenas apreender, de uma forma pretensamente “objetiva” a natureza, como faziam os neoclássicos, mas construir uma narrativa pictórica que “poetizava” a natureza, fazendo da sua inspiração uma ponte para uma reunião sublime entre o observador solitário e o ambiente externo. Em suas palavras, “o artista devia não só pintar aquilo que vê diante de si, mas também o que vê dentro de si“.
Wikipédia
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