O projecto de Xi Jinping “One Belt, One Road” é o maior desafio geopolítico e geoeconómico deste primeiro quartel do século XXI. Mas, tanto do lado ocidental como do chinês, parece haver dificuldades em equacionar os problemas que o projecto implica e traz.
A maior parte dos observadores ocidentais teve de início dificuldades em entender tanto a lógica subjacente como o objectivo e o alcance deste projecto estratégico. O modo como a China o parece ver também não é claro (os chineses praticam aqui uma política de “deception”…) e até pode parecer (pelo menos, aparentemente) paradoxal: cínico, por um lado, e ingénuo, por outro.
No seu objectivo real mas nunca assumido, as “novas rotas da seda” são a ossatura para um império chinês que controle toda a Eurásia. E que crie graves dependências financeiras (via a exportação de capitais chineses) e estratégicas a vários Estados, mais fracos, que assim cairão numa nova espécie de Estados tributários do império centrado em Pequim. Este é o lado cínico do projecto.
Pequim parece, porém, encarar com insustentável ligeireza as inúmeras e fortes dificuldades do projecto. E igualmente subestima a imensa exposição a riscos e ameaças que o projecto atrairá uma vez concretizado (se alguma vez se concretizar…). As zonas críticas e problemáticas que as longas e vulneráveis vias do projecto atravessam são legião… Os chineses parecem conhecer mal o mundo exterior. O autor de “Imperialismo, estádio supremo do capitalismo”, Vladimir Ilitch Ulianov, Lenine, teria um imenso prazer em explicar a Xi que para ser imperialista não basta ter necessidade de exportar capital… Este é o lado ingénuo do projecto de Xi.
Obviamente, Xi, o seu estado-maior e o secretariado permanente do comité central do PCC terão visto tudo isto (mesmo o seu fraco conhecimento do “exterior”…) como dirigentes políticos hábeis, experientes e frios que são. Então porquê? Só nos parece existir uma resposta: o estado de desespero provocado pelo profundo conhecimento do (quase) natural bloqueio estratégico da “ilha” chinesa (melhor será dizer a “ilha” Han…) e da estratégica dependência da economia chinesa dos mercados europeu e norte-americano. A OBOR como fuga para a frente…? A ver nos próximos anos…
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