Que cada silêncio abandone a ira e siga rumo, cada descoberta nas recordações esplêndidas nestas misturas da existência para criarmos caminho mesmo que só dentro da cabeça.
Cada jura ornamentada caminhe para orlas de rosas içadas nos quintais do tempo em rodopios que deslumbrem quem quer que seja, ainda que só isso nos faça pensar devagar o lugar para a existência.
Dias para todos os anos, mesmo aqueles já findados são presenças imperdíveis, recuamos tantas vezes esta resilia que nos transforma cada vez mais para um sempre inquestionável, essa presença vira todas as sentenças que possuirmos.
O futuro caminha a pés largos e longos com passadas de atletas olímpicos neste januário sem rios para que se nade como rã ou viramos outros para nós mesmos, ainda que vivos, descartámo-lo dos nossos sentidos.
Quem perde as memórias?
Quem me poderá garantir a pés juntos nunca mais pensar que um dia isto, ou aquilo, aquela felicidade ou mesmo o descontentamento de outra coisa, não sei, por isso esmiolamos os miolos para que os presentes nunca se percam das nossas razões de existirmos, por isso existimos desde aí, desse passado que viaja connosco mesmo que o releguemos por vontade ou pouco importa, o que foi, foi.
Mas nem tudo vai, nem tudo fica, nada permanece para que só incomode, para que seja bandeira de sucessos, lágrimas queimadas junto à fogueira velha do quintal onde tantas vezes a tia Maria se sentava a contar-nos os sonhos lindos que vivera quando menina, e a gente ali, sentados também, perante a sua voz silenciosa e calma a divagar os passos da existência numa sabedoria que apenas o facto de ter existido nos traz. Há tantos dias assim, que a gente fica onde tiver de ser e pronto, ou vamos, seja lá porque razão, vamos, somente isso, vamos, e por lá ficamos, até que tudo se desmembre das cabeças e de tudo e apenas aquele dia permanecerá como se tudo fosse o mesmo de sempre. Obrigado Pai. 19 de Março de 2019.