DIA 15, FALAMOS
As prioridades deveriam ser as de sempre (muitas vezes prometidas mas rapidamente esquecidas): como dizia a cantiga do Sérgio Godinho: “Paz, Pão, Habitação, Saúde e Educação.” Quase 50 anos depois, estas palavras nunca foram tão apropriadas.
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Desde o princípio do ano que estamos a viver (e a sofrer…) os efeitos múltiplos da pandemia: pessoas, organizações, eventos e, de uma forma geral, o “normal” deixou de ser possível. A nossa vida (e o modo como convivemos, viajamos, trabalhamos, amamos, por exemplo) mudou talvez para sempre. Podemos ter dúvidas ou esperanças de que tudo acabará por se resolver. Mas, a verdade é que os efeitos estão aí e são incontornáveis: crise económica e social, ansiedade e angústia em muitas famílias; muitos problemas que se agravam em áreas tão diversas como as pessoais, as familiares, as empresariais ou as escolares.
Enfim, um autêntico desafio para todos.
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No meio desta tempestade, temos de reconhecer que as coisas podiam ter sido bem piores se não tivéssemos um Serviço Nacional de Saúde (SNS) que, apesar de debilitado pelas sucessivas restrições orçamentais, deu uma resposta muito boa.
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Agora, no momento em que se fala num nova vaga, é tempo de planear o futuro. Já toda a gente percebeu que vêm aí uns milhões em apoios da União Europeia (que, desta vez, lá reagiu com mais celeridade e força).
Mas, quando se fala de milhões, não falta logo quem esteja mais interessado em recolher a sua fatia do que em, efectivamente, ajudar Portugal a dar um salto qualitativo no seu desenvolvimento, nas estruturas de base da sociedade que possibilitem uma melhor qualidade de vida à maioria dos cidadãos.
Espera-se que, desta vez e ao contrário de outras ocasiões, sejamos capazes de com inteligência e de forma ponderada não olhemos apenas para o dinheiro que aí vem como mais uma receita extraordinária que é preciso gastar.
Os milhões que aí vêm têm de ser usados de forma planeada e prudente, com visão de futuro.
Estamos perante uma oportunidade única de o nosso país e de todos nós termos capacidade para investir onde realmente é preciso: na criação de riqueza, na defesa do emprego, na melhoria das condições de vida de milhares e milhares de pessoas que vivem no limiar da pobreza, no desenvolvimento de projectos que visem a sustentabilidade económica e social de Portugal e não os interesses de uma dúzia de grandes empresas ou personalidades.
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Vamos receber, no horizonte 2030, a nossa melhor oportunidade para criar as condições de um desenvolvimento integrado e mais justo do nosso país.
Mas temos de evitar a todo o custo a repetição de erros do passado em que milhões foram gastos em vistosas obras de fachada ou em projectos que, depois, serviram apenas para se tornarem geradores de lucros privados.
As prioridades deveriam ser as de sempre (muitas vezes prometidas mas rapidamente esquecidas): como dizia a cantiga do Sérgio Godinho: “Paz, Pão, Habitação, Saúde e Educação.” Quase 50 anos depois, estas palavras nunca foram tão apropriadas.
Cabe-nos a todos nós lutar para, apesar dos imensos problemas criados pela pandemia, sermos capazes de ultrapassar esta difícil situação. Com solidariedade e em conjunto. E com a certeza de que se nós não fizermos nada, ninguém o fará por nós.
É nossa tarefa!
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