Os dois últimos dias não têm sido fáceis para quem investe na bolsa portuguesa. Quem opta por este meio de investimento faz uma aposta de que os preços das acções que adquire vão subir. E, nas últimas 48 horas, têm vindo a baixar. Ainda por cima, se ler só os títulos da imprensa económica, corre o risco de ficar com a ideia de que a situação é praticamente catastrófica.
É realmente assim tão grave o que se passa no mercado de capitais portugueses? Olhando para as cotações do principal índice da bolsa portuguesa, o PSI 20, constatamos que, na Segunda-feira (dia 12), houve uma quebra de 3,05% e, na Terça, de 1,38%. Não é uma situação confortável, mas teve lugar em dias de quebras nas principais praças europeias, embora de menor dimensão (à volta de 1%).
É pouco comum – pelo menos, nos últimos tempos – haver quebras tão acentuadas, mas faz parte das regras deste autêntico jogo que, de vez em quando, se registem variações significativas, pela positiva e, naturalmente, também pela negativa. Para não ir mais longe, consultando a tabela de cotações do PSI 20 dos últimos 30 dias, verificamos que, no período de 21 a 29 de Setembro, também a bolsa nacional passou por um período difícil, do qual veio a recuperar logo de seguida. No espaço de praticamente uma semana passou dos 5.134,58 para os 4.896,39 pontos, o que representa uma queda de 4,6%.
Olhando para lá da fronteira, não é difícil encontrar outros exemplos de que, de vez em quando, os maus humores dos mercados fazem estragos a sério. O CAC 40 Francês, no dia 18 de Setembro, deu um tombo de 2,56% e dois dias mais tarde perdeu mais 3,42. Exactamente nos mesmos dias, a principal bolsa alemã caiu 3,06 e 3,80%, respectivamente.
Portanto, uma quebra de pouco mais de 4% em dois dias em Portugal, não sendo o melhor cenário possível, também não é propriamente caso inédito, nem, pelo menos, para já, pretexto para os investidores entrarem em depressão. Até porque, apesar das quedas dos últimos dias, o índice do PSI 20 encerrou, esta Terça-feira (dia 13) 1,14% acima do valor a que estava na Sexta-feira, dia 2, na última sessão antes das eleições.
A generalidade dos analistas relaciona esta queda com a indefinição política que o país vive e, sobretudo, com a possibilidade do PS se aliar à CDU e ao Bloco para formar governo. Provavelmente para tentar sossegar os mercados, António Costa deu ontem duas entrevistas a importantes agências de informação internacionais. À Reuters garantiu que mesmo com aqueles dois partidos como aliados, um governo socialista vai cumprir os compromissos assumidos pelo país perante a União Europeia. À France Press procurou passar a mesma mensagem, ao dizer que PS não é o Syriza e não tem intenções de exigir a renegociação da dívida ou de colocar a hipótese de sair do euro.