A pandemia agravou os efeitos crise do capitalismo, a tendência da concentração da renda e aumento da pobreza e das desigualdades sociais. É o que demonstra um relatório da Oxfam que analisa como se manifesta esse fenômeno mundial na América Latina e Caribe.
O Brasil pós-pandemia será ainda mais desigual, em consequência do desemprego recorde e quebradeira de empresas — produto do desastre total de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.
Com base na lista de bilionários da Forbes, publicada este, ano e no ranking de bilionários em tempo real da revista, a Oxfam constatou entre desses bilionários 42 estão no Brasil. Juntos, tiveram suas fortunas aumentadas em US$ 34 bilhões durante a pandemia. O patrimônio líquido deles subiu de US$ 123,1 bilhões em março para R$ 157,1 bilhões em julho segundo o documento, intitulado “Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid-19 na América Latina e Caribe”.
O capitalismo, envolto em múltiplas crises, impactado pela pandemia, expõe suas contradições e limites históricos. Potências capitalistas, como os Estados Unidos, foram capazes de proteger adequadamente suas populações e a classe trabalhadora foi a mais penalizada, em número de mortes e infectados. Está em curso, também, uma enorme regressão em termos de direitos trabalhistas e sociais, gigantesca destruição de postos de trabalho, resultando em grande aumento do número de miseráveis no mundo.
Esses resultados decorrem do modelo econômico adotado desde o final dos anos 1970, o conhecido projeto neoliberal. Após as fases em que as crises se sucederam, houve a quebra de Wall Street, o processo deflagrado nos anos 2007-2008, com consequências como essa demonstração de desigualdade de renda.
No Brasil, essas fases ficaram bem demarcadas. Após as crises das décadas de 1980 e 1990, houve o ciclo dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, com relativo sucesso no combate aos efeitos do projeto neoliberal, e restauração da antiga ordem após o golpe do impeachment de 2016.
Essa trajetória era uma óbvia constatação de que esse projeto não seria o melhor caminho para o Brasil enfrentar e superar os efeitos da crise global. Mas foi exatamente o que propôs Bolsonaro, por meio do seu candidato a ministro da Economia, Paulo Guedes.
A sua panaceia, que Bolsonaro dizia ser a obra de um sabe-tudo, conforme a sua referência a Guedes como o “Posto Ipiranga” – aquele, que segunda a propaganda é uma espécie de oráculo para todos os assuntos -, se mostrou, como era óbvio, um tremendo fiasco. E o resultado é essa tragédia econômica, que agrava muito as consequências da criminosa forma como o governo vem tratando a pandemia.
Texto original em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado