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Sábado, Dezembro 21, 2024

Os Capacetes Brancos andam por aí

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Em Abril de 2018 fui surpreendida pela notícia de que dois elementos dos Capacetes Brancos estavam no norte de Portugal, em FAFE. Nezal Izidem e Assad Hanna, membros dos Capacetes Brancos sírios revelaram nessa cidadezinha nortenha que eram uma organização que trabalhava em nove distritos sírios, com 137 postos de comunicação e 4000 voluntários.

“A nossa principal missão é busca e salvamento. O nosso trabalho é salvar as pessoas depois dos bombardeamentos diários de que são alvo e, posterior, reconstrução dos serviços básicos.”

Raul Cunha, Presidente da Câmara Municipal de Fafe, revelou que o convite aos dois elementos:

foi uma excelente forma de começar a quarta edição do Terra Justa, e pesasse embora diferentes ideologias políticas e distintas opiniões, eles eram pessoas que se preocupavam em ajudar vítimas da guerra e era este lado humanitário que queria reconhecer e homenagear. “

Pensei para comigo quem teria tido a brilhante ideia de trazer estes dois cabeças de giz até Fafe e quem teria pago esta prestimosa viagem de propaganda a um lugar tão longe da Síria.

Até fiquei a matutar com que VISTO de entrada no espaço Schengen andariam estes dois.

A 22 de julho de 2018, ou seja três meses depois da ida a Fafe de Nezal Izidem e Assad Hanna, a BBC News anuncia que Israel realizou uma evacuação de emergência de membros do grupo de defesa civil Capacetes Brancos da Síria de uma zona de guerra no sudoeste da Síria. Cerca de 422 voluntários e os seus familiares foram levados para a Jordânia pelas colinas de Golã, ocupadas por Israel, durante a noite. O Reino Unido, um dos países que solicitou a ajuda de Israel, saudou a operação e ajudará no restabelecimento desta gente. Porque foram evacuados? Porque a população síria lhes conhecia as verdadeiras atividades terroristas.

Onde estão eles? Andam por aí! De Israel, ao que se sabe, seguiram para vários países europeus que os acolheram.

Em 25 de setembro passado, jornalistas de 60 órgãos de comunicação da Ásia, Europa e América Latina visitam cidades libertadas pelo exercito sírio no interior de Hama e Idleb. Os repórteres também visitaram os serviços básicos prestados pelo governo sírio aos repatriados. A agência SANA disse que os repórteres percorreram a cidade de Khan Sheikhoun e seus arredores, onde observaram os túneis e cavernas escavadas pelos terroristas de Jabhat al-Nusra para usá-los como esconderijos de armas na área que se estende entre Khan Sheikhoun e a cidade de al-Tamane’a. Estes jornalistas também documentaram a enorme quantidade de munições encontradas em Wadi al-Asal, a oeste das cidades de Kafer Zeita e al-Latamneh, na zona norte de Hama.

Os mesmos jornalistas visitaram um dos esconderijos dos chamados terroristas Capacetes Brancos e verificaram seu conteúdo, que foi fotografado: incluía armas, munições e equipamentos que revelam as alegações desse grupo terrorista sobre suas atividades “humanitárias”.

O Eng. Mohammad Fadi Saadoun, governador em exercício de Idleb, disse aos repórteres que as oficinas de manutenção estão agora a trabalhar para reabilitar as infraestruturas e os serviços públicos em Khan Sheikoun, a fim de ajudar os moradores deslocados a voltar para sua cidade e retomar sua vida normal depois de o exército sírio ter restabelecido a segurança da cidade.

Dia 1 de Outubro último, numa palestra realizada pela Embaixada da Rússia na capital francesa Paris sob o título “Crise na Síria. Fatos e distorção” Máximo Grigoriev, diretor do grupo Russo de Pesquisa e Democracia, esclareceu mais uma vez que o grupo White Helmets está ligado à organização Jabhat al-Nusra, na Síria. Grigoriev ouviu testemunhos e declarações de mais de 40 elementos desse grupo terrorista. Grigoriev fez questão se sublinhar que a sede dos Capacetes Brancos é administrada pela mesma organização terrorista.

Os Capacetes Brancos foram criados em 2013 na Turquia com apoio financeiro das democracias americana e britânica. Inclusive foram encontrados documentos que ligam esta organização à preparação de ataques químicos tentando depois acusar o exército sírio da autoria delas por ex em Ghouta Oriental e em áreas de Alepo. No meio da confusão de uma guerra civil é difícil ter testemunhos independentes sobre quem é que fez o quê e quem é o autor de atrocidades. O mesmo aconteceu na Sérvia.

Todas as práticas dos “Capacetes Brancos” são monitorizadas por um membro das organizações terroristas. Grigoriev afirmou que os “Capacetes Brancos” cometeram crimes  contra a humanidade. Elementos da organização traziam para cenários filmados por órgãos de comunicação condescendentes e faziam vídeos com crianças e mulheres cobertas com maquilhagem para aparecerem como vítimas de um ataque químico. Pagariam cerca de cinco mil libras sírias a essas falsas vítimas e chegavam a transportar cadáveres que colocavam no lugar de um suposto ataque para animar mais as notícias.

O Ministério das Relações Exteriores dos EUA anunciou no ano passado que o presidente Donald Trump orçamentou cerca de  6,6 milhões de dólares para financiar estes beneméritos terroristas. No enclave de Idlib, no noroeste da Síria, os mesmos Capacetes Brancos organizam informações contraditórias para os órgãos de comunicação social tentando acusar a Rússia e o governo sírio de atacarem civis.

Quem quer saber realmente o que se passa e quem quer descortinar mentiras, tem muito que ler e investigar, tentando colar as pontas soltas da informação oficial.

 

Ilustração de Beatriz Lamas Oliveira



Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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