A polémica em torno dos donativos para as vítimas do incêndio de Pedrógão não passa de uma tentativa por parte da direita, sobretudo do PSD, para manter a tragédia na agenda mediática em vésperas de eleições autárquicas. É evidentemente uma atitude desonesta mas, queira-se ou não, quando não há argumentos qualquer coisa serve para atacar o adversário. E o adversário da direita é o PS e o Governo, o resto é paisagem.
O PSD e o CDS sabem que lhes basta perguntarem onde estão os donativos e ouvirem algumas pessoas dos locais ardidos, naturalmente impacientes pela demora com que certamente estão a chegar os apoios, para que os media logo ampliem a desconfiança sobre os destinos do dinheiro e sobretudo os alegados “desvios” que alguns terão sofrido.
É claro que o PSD e o CDS não acreditam que haja desvios, o que pretendem é lançar a desconfiança sobre o governo. Saíu-lhes o tiro pela culatra porque António Costa veio prontamente, com documentos na mão, mostrar que o governo gere apenas uma pequena parte das verbas doadas e não pode responder pelas entidades que gerem as outras (Misericórdia, Cáritas, Gulbenkian), algumas das quais dirigidas por elementos do PSD.
Fazendo-se de inocente, a direita veio dizer que tem o direito de saber o que é feito dos donativos, sabendo muito bem que nem é preciso mais nada além de perguntar porque esse simples facto e o modo como pergunta logo lançam a dúvida que é ampliada pelos media e transformada em acusação.
Ao autarcas das regiões incendiadas são, nesta guerra suja, instrumentalizados pelos partidos que os candidatam, como prova o facto de virem para as televisões lançar suspeitas em vez de as apresentarem ao Ministério Público.
Dir-se-ia que os períodos eleitorais são momentos em que a política se torna uma coisa sórdida em vez de serem momentos de afirmação da democracia. Explorar os donativos para as vítimas dos incêndios como matéria de contenda eleitoral é indigno e insultuoso para as vítimas e para os eleitores.
Exclusivo Tornado / VAI E VEM