Os enormes lucros da Banca e das empresas de energias, a gestão inaceitável de Paulo Macedo na CGD, o aumento dos preços da eletricidade suportado pelas famílias e empresas e os lucros da EDP e os atribuídos aos seus acionistas e que são os maiores acionistas que mandam na EDP
Neste estudo, mostro que as guerras, as sanções e efeitos de ”boomerang” sobre as economias e a vida dos europeus, tem sido um maná para banca e para as empresas de energia, que estão a obter lucros nunca antes alcançados ou imaginados. E analiso mais em pormenor a gestão de Paulo Macedo na CGD que obter lucros enormes tem violado princípios fundamentais da sua missão e esmagado, de uma forma mesquinha, os salários dos trabalhadores . Analiso também o enorme aumento dos preços da eletricidade para as famílias e para as empresas que tem permitido à EDP obter enormes lucros e quem controla atualmente a EDP que tem sido altamente beneficiado com isso.
Estudo
Os enormes lucros da Banca e das empresas de energias, a gestão inaceitável de Paulo Macedo na CGD, o aumento dos preços da eletricidade suportado pelas famílias e empresas e os lucros da EDP e os atribuídos aos seus acionistas e que são os maiores acionistas que mandam na EDP
As guerras, as sanções e os efeitos de ricochete sobre a economia e as condições de vida dos europeus, e a crise grave que causa e atinge toda a U.E., mesmo o seu “motor”, a Alemanha, que está mergulhada numa grave crise económica e também política, tem sido um maná, uma fonte de lucros enormes mesmo obscenos para as grandes empresas, nomeadamente para banca e para as empresas de energia e de grandes dificuldades para os trabalhadores e pensionistas. Não é necessário ser bom gestor para ter enormes lucros, basta aproveitar a situação para explorar clientes e depositantes, já que os sucessivos governos e as entidades reguladoras (Banco de Portugal, ERSE, Autoridade da Concorrência, CMVM) nada fazem, que tenha algum efeito, para proteger os consumidores O quadro 1, com 7 empresas (5 bancos e duas grandes empresas da energia) é uma amostra que dá bem uma ideia clara como as grandes empresas têm “engordado” os seus lucros agravando a situação das empresas e a vida dos portugueses cujos sacrifícios nada contam para os gestores destas empresas. O que é importante, para brilhar nesta ”bolha de eleitos”, é apresentar lucros que sejam cada vez mais elevados (para esta gente quanto mais elevado eles forem melhores gestores são) sem ”olhar à responsabilidade social das empresas” administrações e governos enchem a boca.
Quadro 1 – Os lucros enormes da banca e das empresas de energia – 2023/2024
O comportamento mais inaceitável é o da administração de Paulo Macedo na CGA (banco do Estado financiado pelos contribuintes), cuja gestão é mais privada no pior sentido do que a dos próprios bancos privados, cujos lucros nos primeiros 9 meses de 2024 aumentaram 38,7%, muito acima de qualquer banco ou empresa privada. Para conseguir isso, a gestão de Paulo Macedo renegou aspetos essenciais da missão da CGD, e adotou como objetivo principal, para não dizer único, a maximização do lucro. Princípios fundamentais da missão da CGD como “a criação de valor para a sociedade portuguesa, prestando serviços bancários de qualidade aos particulares e às empresas, contribuindo assim para a melhoria do bem-estar das famílias portuguesas e para o desenvolvimento do setor empresarial” assim como um dos seus valores fundamentais que é a “Proximidade, através de uma rede abrangente de agências bancárias em Portugal” foram esquecidos e postos de lado pela gestão de Paulo Macedo.
Para obter enormes lucros, muito acima da média da banca privada, não olha a meios, e explora os clientes e depositantes (os juros cobrados, entre o 3ºT2023 e o 3ºT2024, aumentaram em 29,1% nas contas consolidadas e +34,3% nas individuais embora o crédito concedido tenha crescido apenas 2,9% nas contas consolidadas e 3,1% e individuais, e cobra uma comissão de 3,33€/mês aos pequenos depositantes mas paga ZERO de juros apesar de ter obtido 554 milhões € em Comissões e serviços até set.2024) e violando o princípio fundamental de “proximidade”, fecha agências deixando localidades sem acesso direto a um banco, reduz maciçamente o numero de trabalhadores para reduzir custos mas degradando a qualidade de serviços à população (agora a nova “moda” de Paulo Macedo são as “agencias smart” com apenas um trabalhador da CGD a fazer tudo). Recusa a proposta de mediação do próprio Ministério do Trabalho que defendia um aumento dos salários dos trabalhadores da CGD em 3% com um mínimo de 70€ e 13,5€ de subsídio de refeição em 2024, abandona unilateralmente a mediação do Ministério do Trabalho, e só aceitou um aumento mínimo de 65€ e 13€ de subsídio de refeição, o que mostra a gestão mesquinha de Paulo Macedo. E tudo isto para continuar a reduzir os custos com pessoal (entre o 3ºT2023 e o 3º Trm.2024, diminuíram em 4% contas consolidadas e 6% nas individuais) causando a degradação dos serviços da CGD, a sobrecarga dos trabalhadores, a sua desmotivação quando não o abandono. Para agravar, introduziu na CGD a política de premio único anual com critérios que só ele conhece. É este o gestor eleito pelos media e governos como “ o melhor gestor”. Um mau ex.
OS AUMENTOS DOS PREÇOS DA ELETRICIDADE EM PORTUGAL E A POSIÇÃO PUBLICA DE JOÃO GALAMBA
Num “post” que João Galamba, ex-Secretário de Estado do Ambiente e Energia (2022-2023) e ex-Ministro das Infraestruturas (2023), colocou no Linkedin escreveu: ”O Eurostat divulgou hoje os preços da eletricidade em vigor no primeiro semestre de 2024. Ao contrário do que ouvimos nos últimos meses por parte de alguns arautos da desgraça, Portugal sai bastante bem na fotografia. E se olharmos para os preços para consumidores não domésticos, Portugal tem mesmo dos preços mais baixos de toda a Europa, o que são excelentes notícias para a nossa competitividade económica e industrial”. Comparemos esta ”fotografia cor-de-rosa” de Galamba com a realidade utilizando, para isso, a linguagem fria, mas objetiva, dos números oficiais.
Quadro 2 – Aumentos dos preços de eletricidade e encargos suportados por famílias e empresas em Portugal -2019/23
Entre 2019 e 2023, o preço da eletricidade aumentou para as famílias 164,9% e para as empresas subiu 67.8%.
Como consequência os encargos para as famílias aumentaram em 2700,7 milhões €, ou seja, 2,8 vezes mais apesar do consumo ter crescido apenas 6,7%, e a despesa para as empresas em eletricidade aumentou em 2155,9 milhões € (+70%) apesar do consumo ter aumentado em apenas 2,3%. . É certo que, segundo o Eurostat, o preço KWh diminuiu para as empresas, entre 2º sem.2023 e o 1º sem.2024 em 22,7%, pois passou de 0,1381€ para 0,1068€, mas continua muito superior ao preço no 2º sem.2019 (0,086€/KWh). E os preços do Eurostat não incluem nem impostos, nem taxas (IVA, CAV, Taxa DGEG e CIEG). Só estes encargos chegam a representar um acréscimo de 48% no preço de eletricidade para as famílias. Para as empresas este acréscimo é menor já que estas conseguem deduzir o IVA o que não acontece com as famílias. Em 2024, o preço no mercado regulado aumentou 3,7% mais do que a inflação, e a ERSE propõe para 2025 um novo aumento de 2,1%.
OS LUCROS DA EDP E OS ATRIBUIDOS AOS ACIONISTAS E OS GRANDES ACIONISTAS QUE CONTROLAM A EDP
O quadro 3, com os dados dos Relatórios e contas mostra os enormes lucros obtidos pela EDP de 2029/2024
Quadro 3 – Lucros obtidos pela EDP e lucros atribuídos aos acionistas no período 2019/3T-2024
Entre 2019/2023 a EDP obteve 5665 milhões € de lucros a nível de contas consolidadas e 4118 milhões e nível de contas individuais, que inclui fundamentalmente as operações em Portugal, sendo atribuído aos acionistas 3600 milhões €. Se se somar os lucros obtidos no 3º trimestre de 2024, os lucros consolidados sobem para 6951 milhões € e os atribuídos aos acionistas para 4682 milhões €. O quadro 4 mostra quais são os principais acionistas da EDP, ou seja, aqueles que verdadeiramente mandam na EDP, ou seja, os que definem a sua estratégia, preços, investimentos, distribuição dos lucros e endividamento, que naturalmente é de acordo com os seus interesses e não de Portugal, e qual é parcela destes 4682 milhões € atribuídos no período 2019/3ºtrim.2024 a cada um deles.
Quadro 4 – Participações qualificadas na EDP e repartição dos lucros atribuídos 2019/3T2024
A China Three Gorges adquiriu a participação que tem na EDP, vendida em 2011 pelo governo de Passos Coelho/Portas com o apoio da “troika, por 2700 milhões €. Os lucros de 1009 milhões a que teve direito são de um período que corresponde a menos de metade do tempo que detém esta participação na EDP, portanto o que despendeu já deve estar quase totalmente recuperado. E possui parte importante de um ativo cujo valor de balanço é 56696 milhões €, mas para não reinvestir os lucros, e distribuir elevados dividendos, a divida financeira da EDP no fim de 2023 atingia 20632 milhões €. O mesmo se pode dizer para os restantes acionistas todos estrangeiros. Por aqui se vê como um governo de direita abdicou de um ativo estratégico nacional a preço de saldo, com o apoio da troika (FMI, CE, BCE). É desta forma que os interesses do país são defendidos por esta gente.