Entendamo-nos: a liberdade de expressão é um direito de todos os cidadãos. A liberdade de imprensa decorre precisamente desse direito e existe não para privilégio dos jornalistas e de outros profissionais da comunicação mas para que estes exerçam e assegurem o direito dos cidadãos à informação, isto é, o direito de informar e de ser informado. As redes sociais alargaram o exercício desses direitos dando voz ao cidadão comum, geralmente sem acesso aos media tradicionais, com as vantagens e os inconvenientes que todos conhecemos. Esse alargamento tende a ser desvalorizado por aqueles que têm presença cativa nos media tradicionais, que agem muitas vezes como se fossem donos do espaço público e detentores do monopólio da opinião. Alguém que se atreva a criticar as suas “vacas sagradas” logo se torna alvo desses polícias do pensamento.
Um comentário que escrevi no Twitter sobre o anúncio de Assunção Cristas de que Nadia Piazza ia trabalhar no programa eleitoral do CDS provocou uma onda de críticas que foram replicadas no Expresso e no Observador. O dirigente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes reagiu intempestivamente, confundindo a “beira da estrada com a estrada da Beira”. Acontece que o meu tuite não continha qualquer acusação ou crítica a Nadia Piazza não sendo mais do que a constatação de um facto aqui por mim referido (… e o primeiro-ministro reagiu….) há meses e agora reconhecido por muitos. Eis o meu tuite:
Outro tuite meu, neste caso sobre o testemunho do juiz Carlos Alexandre no tribunal onde decorre o julgamento do ex-procurador Orlando Figueira, levou também a críticas que uma vez mais mostram como alguns jornalistas e comentadores têm as suas “vacas sagradas”. Eis esse tuite:
Parece óbvio que tratando-se do chamado (pelos jornalistas) “super-juiz”, não é indiferente saber que se empenhou tão claramente na defesa de um “amigo” depois da polémica entrevista que deu à SIC em que afirmou (referindo-se a Sócrates) que não tinha amigos que lhe emprestassem dinheiro.
Temos, assim, que quem se atrever a tocar, ainda que factualmente, em figuras que os media colocam na categoria de “vacas sagradas” pode estar certo de que os polícias do pensamento o punirão nos espaços nobres dos seus jornais.
Neste caso, é glória a mais para tão simples feitos!
Exclusivo Tornado / VAI E VEM