Pesquisa recém divulgada revela alta aprovação, pelos russos, do governo do líder histórico, Josef Stálin – resultado que pode ser visto como a rejeição do capitalismo e a saudade do socialismo.
A campanha contra Josef Stalin foi iniciada logo após sua morte, em 1953, por aquele que então dirigia a União Soviética: Nikita Khruschov. Campanha que se aprofundou no final da década de 1980, e tinha também o socialismo como alvo. Foi o tempo da chamada perestroika e dos governos de traição nacional de Mikhail Gorbatchov e Bóris Yeltsin, que levaram ao fim da União Soviética e ao retorno do capitalismo. Volta percebida pelo povo russo como uma verdadeira catástrofe, que contrariou todas as promessas de melhoria na vida feitas pelos líderes pró-capitalistas.
A campanha não deu certo e os russos ainda recordam, com saudades, o período socialista, substituido por um sistema capitalista catastrófico, cujas mazelas foram expotas inclusive pela diminuição da expectativa de vida do povo russo. Em 1975 os russos viviam, em média, 70 anos e, depois da volta do capitalismo, a média caiu para 65 anos, em 2007. Reflexo da vida insegura e da criminalidade ascendente.
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (15) pelo Instituto independente Centro Levada, em Moscou, mostra esta realidade. Josef Stalin é vista positivamente por 51% dos russos. A pesquisa, feita entre os dias 21 e 27 de marçode 2019, mostrou ainda que 41% disseram sentir respeito, 6% simpatia e 4% admiração.
Assim como Lênin, que tevel alta aprovação popular em outra pesquisa do mesmo instittuto divulgada em 2013. Lênin, que governou entre 1917 e 1924 (na época da pesquisa fazia 89 anos) permanecia na memória dos russos como um bom governante: teve 55% de aprovação.
Se se leva em conta a distância histórica entre os governos de Lênin (que durou até 1924) e Stálin (1953) e o fim do socialismo na Rússia (1991) – fatos históricos ocorridos há décadas – é legítima a conclusão de que, para os russos, as palavras Lênin e Stálin podem ser sinônimos de socialismo.
Conclusão reforçada pela análise de outra pesquisa semelhante, divulgada em 2016, com resultados parecidos. Naquela ocasião o especialista Aleksêi Makarkin, vice-presidente do Centro para Tecnologias Políticas, de Moscou, avaliou que a ‘desestalinização’ não funcionou porque o capitalismo reintroduzido na década de 1990 está associado a inúmeras falhas, infortúnios e mazelas.
Durante a perestroika – disse ele – Stálin foi duramente criticado e seus crimes vieram à tona, isso causou grande comoção. Agora, a perestroika é percebida como uma época de erros e falhas, e as pessoas aplicam a lógica ao contrário: ‘como a perestroika critica Stálin, devemos supor que ele era bom’”.
Ele destaca, entre as razões para a popularidade de Stálin, a vitória contra o nazismo na Segunda Grande Guerra – para os russos, a Grande Guerra Patriótica. Esta, diz Makarkin, é a principal razão para a popularidade do dirigente.
Stálin era o comandante supremo. Na sociedade russa o culto da vitória é muito forte, e no imaginário coletivo não se pode ignorar o papel desempenhado pelo homem que comandava o Exército”.
Mas há outras razões, explica. Foi “ele quem promoveu a industrialização do país, construiu fábricas e anexou novos territórios”. “Atualmente, na Rússia, prevalece a abordagem pragmática para a história, e não moral. Se é capaz de aumentar o país, você é um líder bem-sucedido”, conclui.
Isto é, a defesa da pátria e a construção do socialismo ajudam a entender a avaliação positiva dos líderes que então conduziram os destinos do povo russo.
Texto em português do Brasil