Num artigo publicado no Expresso diário e no Facebook um jornalista desse semanário chama “talibans”, fanáticos”, ”tifosi do governo”, portadores de delírios que precisam de “intervenção urgente das competentes entidades de saúde” àqueles que, tal como eu fiz neste post se atreveram a criticar a manchete do Expresso do sábado, 22 de Julho, que anunciava “Lista dos 64 mortos exclui vítimas de Pedrógão“.
Nesse post considerei a manchete “simplista, enganadora e sensacionalista”. Ora, o jornalista que insulta os críticos confessa que afinal ele próprio criticou essa manchete “dentro do jornal” onde terá afirmado que “aquela manchete não se percebe” e por isso “não pode ser boa”. Leia-se o que esse jornalista escreveu:
“(…)” Por uma questão de lealdade, fiz as minhas apreciações a quem de direito dento do jornal. Serei por isso parcimonioso na crítica pública. Digo apenas que achei a formulação infeliz, pela simples razão que aquela manchete não se percebe. Eu, pelo menos, não a percebi porque não se consegue tirar dali um sentido. E isto significa que não leio ali uma manchete contra o Governo, contra a oposição ou a favor do que quer que seja. Não percebo, ponto final. E uma manchete que não se percebe não pode ser boa.” (Filipe Santos Costa, Expresso)
O artigo é elucidativo sobre um pensamento infelizmente muito frequente na prática jornalística que consiste no facto de muitos jornalistas considerarem que não devem explicações aos seus leitores adoptando, pelo contrário, uma atitude arrogante, por vezes insultuosa e ameaçadora, pensando no poder de usarem o jornal onde escrevem para inibirem os críticos.
O Expresso não deu publicamente qualquer explicação acerca do sentido da sua manchete, tendo pelo contrário no editorial da edição deste sábado considerado que tudo o que escreveu estava certo, ignorando ou iludindo a questão que motivou as críticas, isto é, a citada manchete.
Temos, pois, que os escrutinadores não aceitam ser escrutinados. Falta-lhes humildade e transparência. Mas como as generalizações são sempre injustas Daniel Oliveira na mesma edição do Expresso e São José Almeida, no Público deste sábado (textos disponíveis para assinantes) escrevem no mesmo sentido do meu post que mereceu os insultos do artigo jornalista do Expresso:
“(…) o Expresso desenvolveu uma investigação própria e foi rigoroso nos números e nas identidades que divulgou. Mas fez, há uma semana, uma manchete de sentido dúbio que ajudou à confusão num assunto que tem de ser tratado com pinças”. (Daniel Oliveira, Expresso)
“ não correspondia à notícia no interior (…)” (São José Almeida, Público)
Serão eles também “talibans”, “fanáticos”, tifosis do governo” e doentes”?
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