A mostra inaugura hoje, em Sintra, para assinalar o bicentenário do nascimento de D. Fernando II, criador do Parque e Palácio da Pena. Tem como nome “Fernando Coburgo fecit: a actividade artística do rei-consorte”. E vai estar aberta ao público até 30 de Abril de 2017, nos Aposentos de D. Manuel II, no Palácio da Pena.
A exposição
Hugo Xavier, conservador do Palácio, é o curador da exposição. Da mostra faz parte um numeroso conjunto, nunca exposto, de desenhos, gravuras e documentos manuscritos e outros objectos entretanto incorporados, com destaque para uma moldura com pratos em cerâmica pintados pelo rei.
O Presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, Manuel Baptista, destaca: “A exposição que agora se apresenta ao público permite revelar um acervo, recentemente adquirido, do legado artístico do rei e que se insere num investimento mais vasto de aquisições de objectos históricos destinados a enriquecer as colecções daquele monumento”.
Além destes, é possível ver outros objectos provenientes de doações efectuadas por descendentes da Condessa d’Edla, segunda mulher do monarca, bem como peças cedidas por particulares e instituições, como o Museu Nacional de Arte Antiga, Palácio Nacional da Ajuda, Museu-Biblioteca da Casa de Bragança e Palácio Nacional de Queluz.
Vislumbre a exposição
D. Fernando II, o rei-artista
Foi rei-consorte de Portugal pelo seu casamento com D. Maria II, ficou conhecido pelo cognome de “rei-artista”. Hábil desenhador, gostava acima de tudo de experimentar, destacando-se essencialmente na área da gravura, numa primeira fase, e na pintura sobre cerâmica, numa fase mais tardia.
Vários foram os temas desenhados e gravados pelo rei, da vida familiar com os filhos, a cenas do meio social que frequentava. Dedicou também atenção ao reino animal, onde revela a sua predilecção por cavalos, passando pelos costumes, mitos e heróis, representando tradições populares portuguesas, figuras associadas a mitos heroicos húngaros e personagens históricas.
A actividade artística do monarca, que assinava as suas peças com o característico monograma/assinatura F e C sobrepostos (Fernando Coburgo) seguidos do f. de fecit (do latim fez), manteve-se uma constante até ao ano da sua morte, ocorrida em 1885, aos 69 anos de idade.
Aposentos de D. Manuel II reintegrados no circuito de visita
A exposição “Fernando Coburgo fecit: a actividade artística do rei-consorte” está patente nos antigos aposentos de D. Manuel II. Estes, estão situados no piso nobre do Torreão do Palácio Nacional da Pena, restaurados já este ano, 2016. Os tectos, as paredes, as janelas e os pavimentos foram os alvos desta recuperação, onde foi dada particular atenção aos vestígios de cor que ainda se puderam encontrar nas paredes, assim como portas e ombreiras.
Terminada a exposição, estes compartimentos serão musealizados e reintegrados na lógica discursiva do Palácio. “Deste modo, o interregno causado pela exposição terá um desenlace muito positivo no contexto deste grande investimento de investigação, restauro e re-musealização que a PSML tem vindo a fazer no Palácio Nacional da Pena”, destaca o diretor do Palácio, António Nunes Pereira.