Tedros Ghebreyesus alerta que os números de casos continuam aumentando, pressionando os sistemas de saúde e sobrecarregando os trabalhadores. Depois que o Brasil decretou o fim da Emergência de Saúde Pública, em maio, houve 8 mil mortes por covid.
A pandemia de coronavírus “não está nem perto do fim”, alertou o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), citando novas ondas em todo o mundo e expressando preocupação de que o vírus esteja “correndo livremente”. As recomendações incluem a exigência de máscaras, testagem e reforço vacinal, que vêm sendo reduzidos em todo o mundo.
Tedros Adhanom Ghebreyesus disse estar preocupado com o fato de o número de casos continuar a aumentar e “pressionar ainda mais os sistemas de saúde e os profissionais de saúde sobrecarregados”. É preciso considerar também as dificuldades estatísticas de vários países, como no caso do Brasil, onde a testagem vem sendo negligenciada, assim como as notificações de casos. Ou seja, os números podem ser ainda maiores.
“À medida que o vírus nos empurra, devemos reagir. Estamos em uma posição muito melhor do que no início da pandemia”, disse ele em entrevista coletiva em Genebra na terça-feira.
Em meio ao aumento da transmissão da covid e ao aumento das hospitalizações, Tedros instou os governos a “implantar medidas testadas e comprovadas, como mascaramento, ventilação aprimorada e protocolos de teste e tratamento”.
O comitê de emergência da OMS sobre a pandemia se reuniu na sexta-feira por videoconferência e determinou que a pandemia continua sendo uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, o alarme mais alto que a OMS pode soar. A agência de saúde da ONU declarou pela primeira vez o alerta para covid em 30 de janeiro de 2020 – uma determinação que pode ajudar a acelerar pesquisas, financiamentos e medidas internacionais de saúde pública para conter uma doença.
Em 22 de maio, o Ministério da Saúde brasileiro decretou o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), numa atitude imprudente que dificulta o trabalho de estados e municípios no controle da pandemia. No entanto, de lá para cá, o país registrou 8.230 mortes pela doença e a média móvel de mortes diárias registrou alta estarrecedora de 143,5%, nesse período, coincidindo com o fim da emergência.
Epidemiologistas brasileiros lamentaram no PV a medida. Entre as críticas está a de que, até hoje, não é permitida a vacinação em crianças menores de 5 anos, além de haver atraso e lentidão na vacinação das crianças de 5-11 anos.
Sem protocolos e testes
Enquanto isso, o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse na reunião que os casos globais de covid relatados à OMS aumentaram 30% nas últimas duas semanas, em grande parte impulsionados pelas subvariantes da Omicron BA.4, BA.5 e pela suspensão de protocolos sanitários.
Ryan disse que mudanças recentes nas políticas de testes estão dificultando a detecção de casos e o monitoramento da evolução do vírus.
O comitê enfatizou a necessidade de reduzir a transmissão do vírus, pois as implicações de uma pandemia causada por um novo vírus respiratório não seriam totalmente compreendidas, disse a OMS em comunicado na segunda-feira.
O grupo expressou preocupação com as reduções acentuadas nos testes, resultando em vigilância reduzida e sequenciamento genômico.
“Isso impede as avaliações das variantes atuais e emergentes do vírus”, disse a OMS, alimentando a incapacidade de interpretar as tendências na transmissão.
O comitê disse que a trajetória da evolução do vírus e as características das variantes emergentes permanecem “incertas e imprevisíveis”, com a ausência de medidas para reduzir a transmissão aumentando a probabilidade de “emergir novas variantes mais aptas, com diferentes graus de virulência, transmissibilidade e imunidade”. potencial de fuga”.
por Cézar Xavier | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado