Natal é para muitos uma época de reunir a família mas vários emigrantes portugueses vêem-se forçados a abdicar destes momentos.
Leonor Pratt emigrou este ano para Singapura. É o primeiro ano que passa o Natal longe do seu país e da sua família, com quem se lembra de sempre passar a quadra natalícia: “os mais novos a fazer traquinices e a tentar ajudar os mais velhos na cozinha”. Além da ausência dos parentes, refere que há muitas diferenças do outro lado do mundo, onde agora se encontra: “É sem dúvida uma experiência diferente não só pela ausência destas pessoas mas também pelas temperaturas altas que se encontram aqui a tentar reconfortar todo o espaço frio que possa existir.”
Leonor é católica e encontrou na família cristã o aconchego para o natal de 2015: “primeiro que a minha família de nascença, é tempo da família de Jesus, e esta família encontro-a sempre comigo onde quer que eu vá!”. A portuguesa decidiu festejar o nascimento do menino Jesus juntando-se à missa do galo local “uma igreja linda (fundada por portugueses) cujos pormenores da decoração e do coro surgem da dedicação dos membros da congregação que não se pouparam a esforços (de todo o tipo) para juntos, em família, adorarmos também o Menino. É aqui que eu reencontro a minha família”.
Bem mais perto de Portugal, em Inglaterra, está a enfermeira Catarina Alves que descreve este primeiro Natal longe da família como “estranho” e “triste”. Embora tenha passado a noite de Natal a trabalhar no hospital junto de colegas e dos seus doentes, confessa sentir-se sozinha: “O Skype sempre ajuda a matar um bocadinho as saudades, mas nunca é a mesma coisa, não há o abraço da mãe, a comida da avó, as brincadeiras do irmão e o pai a tirar fotografias”.
Um estudo recente do Observatório da Emigração refere que entre 2013 e 2014 saíram de Portugal cerca de 110 mil indivíduos, por ano. Embora mais estáveis, os números tendem a não descer muito: “Vamos ter emigração alta, embora mais baixa do que os níveis actuais, uma vez esta crise ultrapassada. Nunca iremos, nos tempos mais próximos, regressar a níveis de emigração muito baixos”, disse Rui Pena Pires. O coordenador científico do observatório compara as estatísticas actuais ao fluxo migratório de finais dos anos de 1960 e princípios dos anos 1970.