“Acabou-se um tabu, derrubou-se um muro, venceu-se mais um preconceito”
“A moção de rejeição é a resposta construtiva que viabiliza um outro governo com um programa coerente, credível e consistente”, afirmou António Costa, salientando que “quem colocou a maioria PSD/CDS em minoria foram os votos soberanos dos eleitores”. Num gesto de protesto, Pedro Passos Coelho saiu da sala pela porta junto à bancada dos deputados onde se sentará em breve.
António Costa falou ao segundo dia de debate parlamentar para argumentar a moção de rejeição do PS ao governo PSD/CDS e em meia-dúzia de frases explicou que a esquerda apesar das suas diferenças ideológicas assume a responsabilidade de construir uma solução governativa estável.
“Sim, é possível aliviar a asfixia fiscal da classe média não obstante divergirmos sobre a nacionalização do sector energético. É possível melhorar o rendimento das famílias sem que tenhamos de partilhar a opinião sobre a Nato. Sim, é possível melhorar o Estado Social malgrado termos visões diferentes sobre a participação no Euro. Sim, é possível combater o desemprego e a precariedade laboral apesar de pensarmos diferente sobre a União Europeia. Sim, é possível romper o radicalismo ideológico”, afirmou o líder do PS.
António Costa sublinhou que que “só assim podemos virar a página e dar-mos aos portugueses de novo um tempo de esperança e Portugal um futuro de confiança”.
Costa respondeu a todas as críticas da direita, dizendo que a esquerda é e deseja continuar a ser plural e diversa mas que foi capaz de em conjunto “revogar o que é irrevogável”.
“Esta é a expressão aritmética e política vontade de mudança. O programa de governo apresentado não traduz esta vontade. Pelo contrário, é de continuação assente no empobrecimento”, disse Costa.
Lembrou ainda que antes, durante e depois das eleições disse e repetiu que ninguém contasse com o PS para apoiar a continuação das políticas da coligação. “Palavra dada tem de ser palavra honrada”, afirmou António Costa.
CDS insiste na legitimidade de um governo PS
Telmo Correia, do CDS insistiu desesperadamente na legitimidade de um governo PS com apoio parlamentar dos três partidos da esquerda. “A coligação “ganhou as eleições, ganhou este debate e temos muito orgulho no trabalho realizado, em ter apanhado o país em bancarrota e tê-lo levado no “caminho da recuperação, em ter evitado rupturas sociais”.
Catarina Martins, do Bloco de Esquerda acabou por responder ao CDS. “Estamos a fazer o que nunca foi feito e ainda bem, estava na hora”. Acordo da esquerda é legítimo. “O que seria ilegítimo seria deixar no governo a direita que os portugueses derrotaram”. Não vão manter-se no Governo porque não tiveram votos para isso”, afirmou a líder do BE.
Antes, Jerónimo de Sousa, do PCP, subiu ao púlpito para salientar que o PSD e CDS perderam 700 mil votos,12% e 25 deputados, o que foi uma “condenação política” por parte dos portugueses à política que levou a cabo. Acusou o governo de deixar um “enorme rasto de destruição” ao nível social, do desemprego e até financeira, que contradiz a falsa ideia de “recuperação económica” que dizem ter conseguido. Se continuassem ainda iriam destruir mais. “ É tempo de pôr fim a isso e de “construir um futuro melhor” afirmou o líder comunista.