… e uma escandalosa transferência de dinheiro do Serviço Nacional de Saúde para os grupos privados de Saúde. Fez este trabalho recebendo o salário de ministro, recebendo, portanto, menos que o primeiro-ministro.
Pouco mais de um ano volvido, o Governo PS indica-o para Presidente Executivo da CGD e propõe-se pagar-lhe um salário muitas vezes superior ao do primeiro-ministro. Fá-lo dizendo, pela voz de António Costa, que esse salário, se bem que injusto é o preço a pagar pela competência num sector, como o financeiro, em que os salários são elevados.
Competência, ou não?
Como é possível que uma experiência como ministro, que o próprio PS reconhece como negativa, permita aumentar a competência dessa forma inaudita?
Qual o segredo dessa fantástica melhoria de competência? Era bom que fosse explicada porque ajudava muitos outros a seguir o mesmo acelerado trajecto. Melhor que prosseguir estudos superiores, que levam anos, melhor que fazer um MBA no MIT, este novo método se pudesse ser comercializado permitiria largos rendimentos ao país e atrairia, sem dúvida, muitos interessados estrangeiros aumentando significativamente as nossas exportações de know-how.
A verdade é que os gestores, agora incensados como muito competentes, são os mesmos que levaram os bancos à actual situação de permanente crise. Todos eles têm carreiras bancárias em áreas que foram a fonte dos erros que levaram à descapitalização dos bancos. Muitos deles foram responsáveis pela promoção da expansão excessiva do crédito, outros em departamentos que aprovaram créditos sem qualidade e que agora estão mal parados.
Salários milionários, ou não?
Em que se traduz então a meritocracia em Portugal? No perpetuar, sem renovação, dos mesmos intervenientes sem os penalizar pelos sucessivos erros de gestão.
Na verdade os salários actuais dos gestores bancários são injustificados e não traduzem qualquer tipo de competência adicional face aos gestores de outros ramos de actividade económica. Só a falta de coragem política para reformar de forma séria este sector explica a continuada persistência de remunerações milionárias que se tornam imorais num país, como o nosso, com tanta gente com fome, como o atesta o número elevado de clientes de um outro banco … o Banco Alimentar.