Paulo Morais não tem dúvidas: “José Sócrates é uma das caras da corrupção na política em Portugal”. Isto porque, enquanto primeiro-ministro, canalizou “milhares de milhões de euros para as parceiras público-privadas” e assumiu “contratos verdadeiramente ruinosos” para o interesse público. Também critica o facto de ter nacionalizado os prejuízos do BPN sem tocar no património da empresa que o detinha, a SLN. Ou seja, o Estado ficou com os “ossos” e os privados com a “carne”, devido a um acto que, em mais um debate na SIC Notícias, o candidato qualificou como de “governação corrupta”.
À sua frente estava Henrique Neto, que também concorda que “a corrupção é um caso muito sério em Portugal”. Lamenta que a PJ e o Ministério Público não tenham os meios que seriam ideais para combatê-la. Este candidato frisou a necessidade de maior celeridade no funcionamento da Justiça, que “tem que condenar ou inocentar com clareza, se possível, com rapidez”, para que o cidadão comum não fique com dúvidas e acredite que as decisões são justas.
Paulo Morais defendeu que, para que a situação se inverta, é preciso que a Justiça seja verdadeiramente independente, que tenha meios próprios e não fique dependente do poder político. Mas, em muitos casos, não são precisos grandes recursos ou investigações para conseguir obter provas de corrupção. “Basta consultar o Diário da República” para se encontrar elementos relativos, por exemplo, aos contratos das parcerias público-privadas, que, para si, são casos de corrupção.
Se for eleito, as primeiras viagens oficiais que vai fazer serão a Angola e ao Brasil para dizer aos governantes locais que “Lisboa vai deixar de ser uma lavandaria de capitais da corrupção angolana e brasileira”. Henrique Neto mostra-se mais cauteloso quanto à abordagem a ter em relação a estes países, defendendo que não nos devemos imiscuir nos seus assuntos internos. Mas, obviamente, considera que Portugal deve tomar medidas quanto a ser plataforma de circulação de dinheiro de origem duvidosa. Caso seja eleito, escolhe os Estados Unidos como destino da sua primeira visita oficial.
Os dois candidatos manifestaram-se contra o Acordo Ortográfico. Henrique Neto quer que seja criada uma comissão técnica para “recomeçar todo o processo” e Paulo Morais diz que os políticos não têm nada que vir dizer ao povo como deve falar e admite que o assunto seja referendado.