O candidato presidencial Paulo Morais acusou Cavaco Silva de, em vez de ser um factor de estabilidade, ter criado instabilidade, ao longo dos últimos quinze dias, ao deixar desenvolver-se “um jogo de sombras e mentiras”.
O que deveria ter acontecido, na sua opinião, era o presidente, “logo na manhã do dia 5 de Outubro, ter falado com os representantes de todos os partidos com representação parlamentar”. Cumprida esta tarefa em poucas horas, à tarde “incumbiria o dr. Passos Coelho de tentar criar condições para formar Governo, não por ser um direito que lhe assiste, mas por ser um dever, uma vez que é líder do partido mais votado”. Poderia tentar conseguir isso da forma que entendesse, até porque há 230 deputados na Assembleia da República.
O candidato a presidente até nem via qualquer problema em que “houvesse um governo que tivesse um suporte forte do PSD e CDS e, eventualmente, algumas medidas propostas pelo Bloco de Esquerda, por exemplo, na área do combate à corrupção”.
Se, ao fim de 48 horas, Pedro Passos Coelho não encontrasse uma solução de governo, o presidente teria que chamar o líder do segundo partido e, em poucos dias, está convencido que a questão ficaria resolvida.
Assim, o que aconteceu foi deixar-se arrastar a situação e criar-se uma clivagem na sociedade portuguesa, quase como acontece no futebol. “Era a claque dos No Name Boys que queria a PàF e era a claque dos Super Dragões que queria um governo de esquerda, ou vice-versa, o que leva a que, nesta altura, o consenso já não seja possível”.
Ao longo deste período, o presidente deixou criar e desenvolver-se uma autêntica “trapalhada” que só trouxe instabilidade, medo e receio, sobretudo “entre as pessoas mais idosas e humildes”, criticou Paulo Morais.
De passagem por Lagoa (Algarve) o candidato presidencial garantiu ir fazer uma campanha com poucos meios financeiros, doados por cidadãos que o apoiam com um valor máximo de 100 euros, cada. Isto porque, por um lado, numa altura em que tanta gente passa dificuldades, entende não serem admissíveis campanhas faustosas. Por outro, para, caso ganhe, não ficar dependente nem dos partidos políticos, nem de meia-dúzia de grandes doadores por lhe financiarem a campanha.
Falando na véspera da tomada de posse dos deputados, lamentou que uma parte deles – tal como diz ter acontecido até agora – vá para a Assembleia da República não para zelar pelo interesse público, mas para defender interesses privados. Em especial criticou os deputados que são advogados e que têm como missão defender os interesses dos seus escritórios e dos seus maiores clientes.