O eurodeputado do PCP Miguel Viegas visitou a região Oeste para encontros com agricultores locais, acompanhado por João Frazão, do Comité Central do PCP.
O motivo deste encontro passou sobretudo pela importância da vitivinicultura do Oeste enquanto actividade económica e factor de desenvolvimento da produção nacional. O eurodeputado encontrou-se com um agricultor de Torres Vedras e, em Alenquer, visitou a Adega Cooperativa da Labrugeira e produtores da Merceana.
No Maxial, Torres Vedras, o deputado do Parlamento Europeu frisou que o tema da agricultura é bastante importante para o PCP. Veterinário de profissão, Miguel Viegas revelou que chegou a trabalhar na região Oeste, nos anos 1990, e lembrou que nessa época via-se mais dinâmica no sector, ao passo que no presente as coisas não estão tão boas, “mas ainda cá está todo o potencial”.
Miguel Viegas recordou aos presentes que o sector da vinha em particular, enquanto produção nacional, merece toda a atenção do seu partido. Daí que esta visita tenha servido para ouvir e debater com quem está no terreno para “percebermos onde é que podemos intervir”.
Assumindo a defesa das castas de uvas nacionais, o eurodeputado comunista revelou grande preocupação face à directiva comunitária que altera os direitos de plantio. Ou seja, a União Europeia pretende liberalizar a plantação de castas, o que “é nefasto para os agricultores portugueses, especialmente os mais pequenos. É importante manter as especificidades e as regiões demarcadas para podermos ser competitivos. Se houver liberalização do mercado será muito complicado”, advertiu Miguel Viegas. Por outro lado, o eurodeputado também pretende que haja maior valorização do trabalho dos produtores.
Com a presença de cerca de uma dezena de agricultores locais, o debate acabou por ser bastante animado, em particular algumas dúvidas colocadas sobre a questão dos seguros. Miguel Viegas respondeu que os seguros só fazem sentido no âmbito de uma política de seguros públicos, caso contrário as seguradoras vão sempre querer ter lucros e, com o risco associado às alterações climáticas, o prémio a pagar será muito elevado.
Para João Frazão, a questão central é o que se paga pelas uvas, defendendo que os produtores têm de ser pagos justamente. Respondendo directamente a um comentário em tom acusador de um agricultor presente, disse que o PCP não está no Governo e que apenas viabiliza a actual governação PS através de um acordo no Parlamento.
Referiu, por exemplo, que nem tudo o que o PCP propõe é aprovado:
propusemos uma verba de 10 milhões de euros para compensar os agricultores que tiveram perdas prolongadas devido aos incêndios do último verão, mas o PS, o PSD e o CDS votaram contra”.