Num País onde são os pivôs dos serviços de notícias tele ou radiodifundidas, vulgo, telejornais ou serviços noticiosos, a pedir publicamente ajuda financeira aos telespectadores ou radio ouvintes para famílias em dificuldades graves, maioritariamente doenças raras, de forma a conseguirem suprir as despesas implícitas desde: tratamento clínico; apoio médico; medicamentoso; ajudas técnicas; acompanhamento; entre outros; dos seus descendentes; ascendentes; ou dos próprios; não só raia o caricato como coloca a nu fragilidades dantescas de um modelo politico; social; civilizacional; e de lacunas graves na educação e na formação porque é demasiado doloroso para uns e de completa indiferença para outros.
Esta conjuntura existencial que se estende pelo País em geral sendo que é nas metrópoles que mais se evidencia não esconde as condições existenciais no interior profundo onde se sobrevive com o que há e que todos sabemos ser muito pouco.
De nada adiantam os discursos inflamados de um quotidiano que espelha uma minoria e omite a maioria só porque parece bem a troco dos votos que asseguram o poder com as mordomias anexas na qualidade de vida e na opulência
Os citados pivôs acompanham os pedidos com reportagens feitas nos locais de onde são originarias as pessoas necessitadas a que juntam testemunhos de familiares, amigos e vizinhos.
Esta pobre evidência, extensiva ao formato noticioso e demais intervenientes com responsabilidades cívicas é fiel na essência e, publicitária no acessório.
Somos um País demasiado pequeno em tudo. Salvo na mediocridade racional da classe dirigente em geral que com lágrimas de crocodilo lava o lixo que vulgarmente varre para debaixo do tapete e disfarça com os sinais exteriores de riqueza de uma minoria bacoca que sempre que abre a boca diz asneira pese a frequência educativas e formativas nos ditos melhores estabelecimentos de ensino privado e, posteriores licenciaturas pós Bolonha, tão só porque a industria necessitava de quadros médios no tempo e, agora, a manufatura enfrenta dificuldades na angariação de mão de obra e a sociedade corre risco de colapsar nos setores: produtivo; transformação; comercialização; serviços e outros; socorrendo-se da imigração para suprir a parte possível do necessário.
Imigração que deveria tratar com a dignidade devida, até porque não fora os surtos migratórios e toda a Europa estaria de tanga, mas… não trata porque nunca tratou condignamente os mais pobres. Ora, nesta conjuntura de necessidade a estupidez assume liderança mental relegando para segundo plano a implementação de soluções multiculturais de sobrevivência da espécie humana.
Este País que usa a comunicação social para a mendicidade de terceiros paga aos seus profissionais salários escandalosos tendo em linha de conta a realidade económica existente na esteira do neoliberalismo emergente na Europa e caminha a passos largos para o modelo oligárquico já instalado nas estruturas partidárias existentes.
Portugal é um País de costumes brandos, uma das remanescências do modelo político do Estado Novo de entre as várias que ainda se mantem, de que também mantém hábitos e costumes no modelo curricular do ensino, na justiça, no funcionamento dos serviços públicos e outros, que as novas tecnologias vão vencendo com demasiada lentidão uma vez que as transições geracionais não tem trazido nada de novo nas dinâmicas civilizacionais com a racionalidades e o equilíbrio que o futuro exige e a sobrevivência reclama.
Convenhamos que a seriedade intelectual obriga a uma análise retrospetiva, mas também introspetiva.
É um facto de que por condição da mudança do modo de vida nómada para sedentária as tribos tiveram de se ajustar a uma nova organização social e, nessa senda, todo o processo evolutivo é sequente a necessidades básicas desde o paleolítico passando pelo neolítico, as revoluções agrarias e posteriormente a industrial, até à contemporaneidade das nanotecnologias que permitem sonhar com um mundo novo, mas que as classes dirigentes teimam em travar e, se possível, reverter.
As evidencias são a condição de pedintes em que nos querem colocar e as guerras fratricidas em que mergulharam o mundo.
Os direitos, liberdades e garantias, prometidos por vanguardistas da Europa Social, passam para as calendas da História num tempo em que os restantes Continentes não fazem a mínima ideia do que quer que esse modelo de organização politica, económica e social, seja!