Poema de Yvette Centeno
Pedro Chorão
O Princípio da Paisagem
Não havia nada
ao princípio
só o desejo de um sopro
no vazio
um mar azul
a espuma fundida com o céu
aquático
imprevisível
e a sombra de pedras
caminhantes
num espaço não-definido
Eram várias as pedras
ninguém as tinha polido
e aguardavam,
quem sabe o Anjo de Durer
secreto amigo de Pedro,
o pintor reconhecido
porque a ele lhe tinham dado
um tempo que era infinito
e só para ele guardado
As pedras ali ficavam
no seu segredo escondido
o azul a chegar à praia
a espuma a banhar as pedras
que rolavam para o abismo
Pedro já era a Pedra
era esse o seu destino.
(Y.Centeno, 2020)
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