Se a secção oficial do Festival, bem como outras mostras que o certame basco oferece, não forem suficientemente apelativas para um espectador que prefira ver filmes que já tragam um ‘selo de garantia’ então a solução está na secção “Perlas” (em basco, “Perlak”) para a qual estão programadas algumas pérolas de outros festivais.
Este ciclo é apresentado pela organização do “Zinemaldia” como uma “selecção de destacadas longas-metragens do ano, inéditas em Espanha, que foram aclamadas pela crítica e/ou premiadas em outros festivais internacionais”.
Para a sessão de abertura desta secção foi escolhido “Seberg” de Benedict Andrews (EUA) exibido fora de competição no recente Festival de Veneza. O filme, inspirado em factos reais, conta a história da estrela da ‘nouvelle vague’ Jean Seberg, que no final dos anos 60, e porque teve um relacionamento amoroso com o activista dos direitos civis Hakim Jamal, teve direito a um programa de vigilância ilegal por parte do FBI.
O filme de encerramento de “Perlas” será “The Climb”, outra produção norte-americana, de Michael Angelo Covino, vencedor da secção ‘Un Certain Regard’ do Festival de Cannes.
Também de Cannes vieram:
- “Parasitas” de Joon-ho Bong (Coreia do Sul), ‘Palma de Ouro’ para o melhor filme;
- “Les Misérables” de Ladj Ly (França), vencedor do Prémio do Júri;
- “Portrait de la jeune fille en feu” de Céline Sciamma (França), prémio para o melhor argumento;
- “Sorry We Missed You” de Ken Loach (Reino Unido), presente na competição oficial;
- “The Lighthouse” / O Farol, de Robert Eggers (EUA), prémio FIPRESCI
- “O que Arde” de Oliver Laxe (Espanha / França / Luxemburgo), Prémio do Júri da secção ‘Un Certain Regard’;
- “Alice et le Maire” de Nicolas PariserJoon-ho Bong (França / Bélgica), prémio ‘Label Europa Cinemas’;
- “Beanpole” de Kantemir Balagov (Rússia) prémio FIPRESCI e prémio do melhor realizador da secção ‘Un Certain Regard’.
Do Festival de Berlim:
- “So Long, My Son” de Wang Xiaoshuai, vencedor dos prémios para o melhor actor e melhor actriz;
- “Amazing Grace” de Alan Elliott e Sydney Pollack, realizado a partir de imagens recolhidas num concerto de Aretha Franklin de 1972. Exibido na secção oficial, fora de competição;
- “Light of my Life” / A Luz da Minha Vida, de Casey Affleck (EUA), exibido na secção Panorama.
Do Festival de Veneza:
- “The Laundromat”, de Steven Soderbergh (EUA), em competição na secção oficial;
- “La Vérité”/ A Verdade, do japonês Hirokazu Koreeda, em competição na secção oficial;
- “Waiting for the Barbarians” / À Espera dos Bárbaros, produção italiana falada em inglês, do colombiano Ciro Guerra, em competição na secção oficial;
- “Ema” de Pablo Larrain (Chile) , prémio UNIMED.
Completam esta selecção de ‘pérolas’ dois filmes. “Hors Normes” / Fora das Normas, dos franceses Olivier Nakache e Éric Toledano, um mergulho no universo das crianças e jovens autistas pelos autores de sucessos como “Amigos Improváveis” e “Samba” e um filme de animação, o japonês “Tenki No Ko” de Makoto Shinkai, o maior sucesso de bilheteira do ano no país nipónico e já escolhido como representante do Japão na corrida ao ‘Oscar’ do Melhor Filme Estrangeiro.
Refira-se que alguns destes títulos já estão, ou vão estar a curto-prazo, nos ecrãs portugueses.
Zabaltegi / Tabakalera
‘Zabaltegi’ (Zona Aberta) é, obviamente a par da secção oficial, a secção com maior tradição neste certame basco. Foi rebaptizada nos últimos anos com a designação de ‘Zabaltegi /Tabakalera’ que assinala o facto de estar sediada no edífício que foi da empresa de tabacos de San Sebastián e que, recuperado em 2016 no âmbito de ‘San Sebastián – Capital Europeia de Cultura’, é agora um grande centro cultural. O edifício da ‘Tabakalera’ é, de resto, o local onde durante todo ao ano funcionam os escritórios do Festival e é também a sede da ‘Filmoteca Vasca’.
‘Zabaltegi / Tabakalera’ é um espaço de descoberta, tal como a mostra “Nuevos Realizadores” (referida em texto anterior). É, de acordo com a organização “a secção competitiva mais aberta do Festival de San Sebastián, onde não há normas, nem limitações de estilo ou tempo: curtas, médias e longas, ficções, não-ficções, animações, séries, instalações audiovisuais, descobrimentos de futuro e clássicos contemporâneos. É uma secção em que cabe o cinema que procura novos olhares e formas, uma autêntica zona aberta e de risco.”
Enquanto em “Delphine et Carole, Insoumuses”, Callisto McNulty nos proporciona o encontro entre a actriz Delphine Seyrig e a videoartista Carole Roussopoulos, que nos leva até ao coração do feminismo dos anos 70, em “Les Enfants de Isadora”, Damien Manivel, recorda-nos passados mais de cem anos, um primeiro drama da vida da bailarina Isadora Duncan que, em 1913, depois da morte dos seus dois filhos, criou um solo de despedida intitulado “Mother”.
“Blue Boy” de Manuel Abramovich oferece ao espectador um retrato da vida de trabalhadores sexuais romenos nas ruas de Berlim, e o o celebrado frealizador grego Yorgos Lanthimos conta, em “Nimic” a história de um violoncelista profissional que encontra um desconhecido no metro o que vai provocar desenvolvimentos inesperados na sua vida.
Dois filmes bascos – “Leyenda Dorada” de Ion de Sosa e Chema García Ibarra e “Lursaguak” / Cenas de Vida de Izibene Oñedera – integram o conjunto de vinte filmes desta secção no qual podemos também encontrar “Répertoire des villes diaparues” do canadiano Denis Côté e “L’ Ile aux oiseaux”, produção suíça de Maya Kosa e Sérgio da Costa, realizador nascido em Lausanne, de origem portuguesa. Desta dupla já vimos “Rio Corgo” de 2015, interessante filme premiado no Doclisboa e que passou nas salas portuguesas.
A cineasta basca Laida Lertxundi, a distribuidora e produtora brasileira Silvia Cruz e o francês (nascido na Argélia) Jean-Pierre Rehm, director do Festival de Marselha constituem o júri desta secção.
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