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Sábado, Novembro 2, 2024

“Perlas” – San Sebastián exibe filmes premiados em Berlim, Cannes e Veneza

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

Alguns dos principais filmes dos outros grandes festivais europeus são a essência de “Perlas” / Pérolas (em basco, Perlak), uma das secções mais procuradas pelo público e pelos participantes no festival que começou no passado dia 22 e que decorre até ao próximo sábado. Os filmes desta área da programação são candidatos ao Prémio do Público atribuído por votação dos espectadores.

 

Vizinhos de Auschwitz na abertura e um bairro operário dos arredores de Paris encerramento

O filme de abertura da secção ‘Perlas’ foi “The Zone of Interest” (A Zona de Interesse), co-produção britânica-polaca realizada pelo londrino Jonathan Glazer. Grande Prémio e Prémio FIPRESCI no Festival de Cannes, “, “The Zone of Interest” é uma adaptação do romance homónimo de Martin Amis e conta como o comandante de Auschwitz Rudolf Höss e sua mulher Hedwig se esforçam a construir uma vida de sonho para a sua família numa casa com jardim, vizinha do campo de concentração. O ‘céu’ e o ‘inferno’ quase com paredes-meias…

“Bâtiment 5 / Les Indésirables” (Os Indesejáveis), foi o filme escolhido para a sessão de encerramento de ‘Perlas’. Realizado pelo parisiense Ladj Ly, estreou no Festival de Toronto e conta a história de um jovem médico que, inesperadamente, tem que que assumir funções como autarca e procura reabilitar um bairro de moradores das classes trabalhadoras.

As outras ‘pérolas’ presentes em San Sebastián são:

  • “Aku wa sonzai shinai” (O Mal não Existe), vencedor do Grande Prémio do Júri e do Prémio FIPRESCI no muito recente Festival de Veneza. Trata-se de um filme de Ryusuke Hamaguchi, realizador japonês premiado em Locarno, Berlim e Cannes e vencedor do Oscar para o melhor filme internacional com o celebrado “Drive My Car”;
  • “Anatomie d’une chute” (Anatomia de uma Queda), da francesa Justine Triet, Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano;
  • “Bastarden” (A Terra Prometida), do realizador dinamarquês Nickolaj Arcel jé premiado em Berlim e nomeado para os Oscares. “Bastarden” recebeu em Veneza uma menção especial do Pémio Signis / (Associação Internacional Católica para a Comunicação);
  • “Dumb Money” (Golpe em Waaal Street), do australiano Craig Gillespie presente no Festival de Toronto;
  • “Io, Capitano” (Eu, Capitão), do italiano Matteo Garrone. O filme ganhou em Veneza o Leão de Prata para o melhor realizador e o Prémio Marcello Mastroianni para o melhor actor jovem (Seydou Sarr);
  • “Kaibutsu” (Monstro), do japonês Hirokazu Koreeda, Prémio “Donostia” em 2018 e presença habitual em San Sebastián. “Kaibutsu” obteve o prémio para o melhor guião no Festival de Cannes;
  • Kuolleet lehdet” (Folhas Caídas), do finlandês Aki Kaurismaki, Prémio do Júri no Festival de Cannes e Grande Pémio FIPRESCI/2023;
  • “La Memoria Infinita” (A Memória Infinita), da chilena Maite Alberdi, Grande Prémio do Júri do Festival de Sundance;
  • “La Sociedad de la Nieve” (A Sociedade da Neve) do catalão J. A. Bayona, presente extra-concurso na competição de Veneza;
  • “May December” (Segredos de um escândalo) do norte americano Todd Haynes, presidente do júri em San Sebastián em 2013. “May December” participou na competição de Cannes.
  • “Memory” do mexicano Michel Franco que participou no Festival de Veneza;
  • “Past Lives” ( Vidas Passadas) da coreana Celine Song, filme que competiu em Berlim;
  • “Perfect Days”, filme realizado em Tóquio pelo alemão Wim Wenders e que ganhou em Cannes o prémio para a melhor interpretação masculina (Koji Yakusho);
  • “Rosalie” filme da francesa Stéphanie di Giusto que esteve presente na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes;
  • “Roter Himmel” (O Céu Vermelho), Grande Prémio do Júri do Festival de Berlim, do alemão Christian Petzold, membro do júri oficial; e
  • “The New Boy” do australiano Warwick Thornton , da secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes.

 

‘Zabaltegi / Tabakalera’ uma secção sem limitações

Na mais antiga secção do festival não há limitações de estilo, de género ou de extensão. Este é, tradicionalmente, o espaço mais livre da mostra basca e nele podem ser encontrados documentários e ficções, curtas e longas metragens, instalações videográficas, filmes de escola e trabalhos mais ortodoxos. As obras aqui presentes vêm, na sua maior parte de Berlim, Cannes, Locarno e Veneza, entre outros festivais. Chegam quase todas com prémios de maior ou menor relevância . Secção com carácter competitivo ‘Zabaltegi / Tabakalera’ apresenta nesta edição 25 títulos (15 longas, 8 curtas e 2 médias metragens).

Na sessão de abertura passaram “Subete no Yoru wo Omoidasu” / Remembering Every Night, filme dirigido pela cineasta japonesa Yui Kiyohara que participou no Forum de Berlim e que é um estudo de várias personagens femininas e uma curta-metragem póstuma de Jean-Luc Godard estreada no último Festival de Cannes: “Film annonce du film qui n’existera jamais: ‘Drôles de Guerres’.

No encerramento será exibido um filme estreado na secção Panorama do Festival de Berlim: “El Juício” (O Julgamento) do documentarista argentino Ulises de la Orden uma obra que mostra com detalhe o processo judicial realizado em 1985 contra as juntas militares da ditadura argentina.

Destacamos ainda “Bén Trong Vo Ken Vang” / (Inside the Yellow Cocoon Shell) dirigida pelo vietnamita An Pham Thien, vencedor da Câmara de Ouro do Festival de Cannes, o prémio para a melhor primeira-obra do festival francês.

Em “Zabaltegi/Tabakalera” estão ainda filmes do espanhóis Guillermo García López, Paul B. Preciado, Alberto Martín Menacho, Ion de Sosa e Irati Gorostidi, dos franceses Damien Manivel e Éléonore Saintagnan, do chinês Wu Lang, dos argentinos Eduardo Williams, Rodrigo Moreno e Andres Di Tella, do georgiano Rati Oneli, dos belgas Bas Devos e Delphine Girard, do ucraniano Philip Sotnychenko, da israelita Shaylee Atary, dos japoneses Atsushi Hirai e Kohei Igarashi, da indiana Ashmita Guha Neogi e do russo Ilya Povolotsky.

 

Nota: Este artigo deveria ter sido publicado em 25 de Setembro, não o tendo sido por motivos de ordem técnica

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