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Sábado, Julho 27, 2024

Pérolas da narração da Copa

José Carlos Ruy, em São Paulo
José Carlos Ruy, em São Paulo
Jornalista e escritor.

Os comentários dos narradores que comentam os jogos nesta Copa do Mundo são um espetáculo à parte.Muitas vezes, na pressa da narração, cometem atentados contra a gramática, mas principalmente contra a lógica, resultando em pérolas a serem registradas.

Como esta dita por um comentarista da TV Globo, na narração do jogo da manhã deste domingo (1), da Espanha e Rússia. O narrador falava da nova regra que permite uma quarta substituição quando houve (como houve) prorrogação depois do tempo regulamentar de 90 minutos. Ele disse, candidamente: “Se o jogo terminar nos 90 minutos não há quarta alteração.” Claro! A regra diz que só pode haver na prorrogação, se os 90 minutos acabarem em empate! Este atropelo da lógica talvez deva ser atribuído à pressa da narração, quando a fala sai quase no mesmo momento do pensamento.

Outra pérola dizia: “a bola está muito perto do pé, ele não conseguiu dar força”. Não conseguiu dar força e ponto. Para ser chutada ela poderia estar onde, longe do pé?

Outra, que mal disfarçou a torcida, a preferência do narrador, falando do México, adversário do Brasil nesta segunda-feira (2): “México jogou como nunca e perdeu como sempre” – além de tudo um deselegante comentário contra uma seleção importante, e co-irmã latino-americana, país que neste domingo pode eleger um presidente anti-neoliberal – o progressista Andrés Manuel López Obrador, candidato da esquerda favorito na eleição.

O folclore do futebol está cheio de comentários desse tipo. Nos tempos em que o rádio predominava, alguns comentários (bons e ruins) ficaram antológicos. Como este, que já tem mais de 50 anos, numa rádio do interior do Paraná, Contado entre risadas pelo amigo jornalista Roldão Arruda. No afã de descrever os movimentos de um atacante, o narrador saiu-se com esta: “fez que foi, não foi, acabou fondo”!

A descrição dos jogos na tevê não impõe nem a urgência nem a celeridade de pensamento próprias do rádio.

Mas com certeza a pressa, a torcida do narrador e mesmo suas preferências e preconceitos levam a algumas pérolas que fazem da narração um espetáculo próprio.

Texto em português do Brasil

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