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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Educação, sensibilidade e bom senso

Paulo Vieira de Castro
Paulo Vieira de Castrohttp://www.paulovieiradecastro.pt
Autor na área do bem-estar nos negócios, práticas educativas e terapêuticas. Diretor do departamento de bem-estar nas organizações do I-ACT - Institute of Applied Consciousness Technologies (USA).

Ranking PISA 2015

Para que serve a fantástica evolução em literacia científica, matemática e leitura nas nossas escolas? Para nos envergonhar. Querem ver?

PISA 2015

Comecei por ouvir um diligente dirigente partidário da oposição  afirmar que o impressionante resultado destes testes (PISA) provava que as políticas para a educação do douto Nuno Crato tinham total sentido e pleno sucesso. Fiquei surpreendido pois este só se tornou ministro em Junho de 2011 e os dados de 2012 já mostravam, claramente, Portugal na trajectória de elevação neste ranking [1]. Depois consultando a imprensa nacional  percebi que a confusão era total. Quem ganha com este encantamento que parece ser afinal de todos? Apenas o modelo industrial de educação vigente. Com ele a ignorância e a infelicidade.

Fundamenta-se deste modo a proposta para que se façam, igualmente, testes tipo PISA aos nossos políticos e jornalistas [2].

Ainda a respeito dos PISA direi que não me surpreende nada pensar que países como a Finlândia ou a Suécia  estejam a  cair  nestes índices de educação. Quando isso acontecer com Portugal significará, talvez, que estamos a investir na formação de professores e, ainda, nos curricula não baseados em disciplinas, ou seja que estamos a abandonar a escola do Séc.: XIX.

Tirar dúvidas

Mas, vamos tirar as dúvidas. Toda a gente conhece pelo menos um professor que dê aulas desde o ano 2000. Bastará perguntar a propósito de coisas simples para concluir que no tempo  o ensino não tem vindo a evoluir tanto quanto isso.

Por exemplo, poderemos perguntar: os alunos estão mais interessados nas matérias e nos tempos de aula? Têm um comportamento mais cívico? Trazem mais ou menos bases  de informação e conhecimento? Finalmente, os professores têm melhores condições para o serem condignamente? Estão física e mentalmente mais sãos? Estão as crianças e professores mais felizes dentro da escola? Para que serve a avaliação positiva de um qualquer teste PISA se isso não significar melhorias na aprendizagem em valores humanos,  atenção e cuidado dentro e fora da sala de aula?  E por aí vamos…

A terminar, uma nota para os menos atentos a estes temas. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) afirma que Portugal tem melhorado mais de sete pontos a cada três anos, em média. Ainda, no site da Aqueduto, uma das promotoras, diz-se “ Considerando apenas os 35 países/economias que integram a OCDE, dos 72 participantes no estudo, Portugal alcança agora as seguintes posições: 17.º a Ciências com 501 pontos, 18.º em Leitura com 498 pontos e 22.º a Matemática com 492 pontos, ficando acima da média da OCDE em todos os domínios.”[3].

A concluir , apenas dar notar que a cada conjunto de anos cumpre um enfoque de estudo diferenciado. Assim, não me parece sensato fazer extrapolações de uns anos para os outros. A este respeito o  IAVE informa que  em “2000, ano em que os testes foram aplicados pela primeira vez, a área principal foi a Leitura, área novamente avaliada em 2009. Em 2003 e em 2012, a área principal foi a Matemática e, em 2006 e 2015,  a área principal foi as Ciências”.

Conclusão?

Apetece-me citar José Pacheco:

“As escolas são pessoas. As pessoas são os seus valores. Quando esses valores são transformados em cartas de princípios, assumindo premissas de acção em escolas de vida , criam-se projectos de comunidade. É assim que se aprende…”[4].

Tudo o resto é PISA.

[1] Projeto de investigação, aQeduto: Avaliação, qualidade e equidade em educação: Estudos aQueduto
[2] Human Resources: Quais as profissões que lhe despertam mais confiança?
[3] Projeto de investigação, aQeduto: Resultados de PISA 2015
[4] Artigo no Jornal Tornado: A Escola produz Infelicidade e Ignorância …

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