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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

Pobreza cresce na Alemanha

Os ricos da Alemanha estão ficando mais ricos, e os pobres, se não necessariamente mais pobres, estão ficando mais numerosos. Essa é uma conclusão que se pode extrair do quinto “Relatório sobre Pobreza e Riqueza” do governo alemão. O documento não será publicado até ao início de 2017, mas detalhes preliminares foram divulgados por vários jornais.

Enquanto o número de milionários subiu para 16.495, contra 12.424 em 2009, e os salários dos empregados fixos aumentou mais de 10% nos últimos quatro anos, 4,17 milhões de alemães – cerca de 6,1% da população – estão fortemente endividados, e a remuneração no setor de baixos salários não manteve o mesmo ritmo da média nacional. O número dos sem-teto passou de 223 mil em 2008 para 335 mil em 2014. Cerca de 5,6% da população é oficialmente classificada como pobre.

“O centro está se estabilizando”, resumiu a ministra do Trabalho da Alemanha, Andrea Nahles, ao jornal Bild. “Mas nas margens, a sociedade está um tanto debilitada.”

O documento de cerca de 600 páginas é publicado pelo governo alemão a cada quatro anos, visando, entre outras metas, fornecer um panorama da situação no mercado de trabalho e do desenvolvimento dos salários e rendimentos dos cidadãos.

Distribuição de riqueza

A emissora pública alemã Deutsche Welle ouviu especialistas sobre o tema. Um, vinculado ao partido Die Linke (A Esquerda) e outro, com posições mais à direita e que colaborou efetivamente com a realização do estudo.

Christoph Butterwegge, professor de ciência política da Universidade de Colônia e candidato do partido A Esquerda ao cargo de presidente da Alemanha, pede um aumento imediato do salário mínimo alemão para 10 euros por hora e acusa o governo de não estar realmente preocupado com o combate à pobreza. “Os relatórios ficam cada vez mais volumosos, mas os problemas não são enfrentados. Seria bom se a ação acompanhasse esses dados. Posso dar uma série de exemplos específicos.”

Além do salário mínimo, Butterwegge cita divergências sobre se o apoio às mães solteiras deve ser financiado pelo governo federal ou pelos estaduais, a falta de assistência para aposentados com baixos rendimentos e aposentados por invalidez, e a relutância em financiar programas sociais com um imposto sobre o patrimônio ou um imposto sobre altos ganhos de capital.

“Isso é luta contra a pobreza?”, pergunta retoricamente o membro do Die Linke. “Só se tem que olhar o acordo de coalizão , para ver que essa não é uma prioridade central.”

Cortar ou aumentar?

Markus Grabka é especialista em pobreza e pesquisador do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica em Berlim, tendo colaborado em todas as edições anteriores do relatório. Tendo também ficado surpreso que o risco de se tornar pobre tenha aumentado na Alemanha, ele diz acreditar que isso tenha a ver com o número de idosos, particularmente da extinta Alemanha Oriental, que recebem aposentadorias mínimas.

Mas ele contesta a ideia de que o governo não esteja interessado em combater a pobreza. “O atual governo alemão criou um salário mínimo. Isso foi um sinal importante. Nós ainda não sabemos que efeito isso terá.”

Grabka não vê necessariamente a redistribuição da riqueza como uma panaceia para a pobreza. “É sensato cortar a torta ainda mais? Ou será que não deveríamos estar tentando aumentar o tamanho da torta como um todo? A posição do nosso instituto é que há redistribuição suficiente na Alemanha. Pessoalmente, penso que precisamos de políticas diferentes destinadas a criar riqueza, para que as pessoas no centro da sociedade tenham uma parcela maior.”

Sem números sobre os sem-teto

Os dois especialistas também discordam sobre algumas estatísticas do próprio relatório. “Se você olhar para este relatório, os dados sobre pessoas sem-teto, por exemplo, são estimativas de 2014 de uma organização de grupos de interesse”, sublinha Butterwegge.

“O próprio governo não recolhe esses dados. Eles têm informações sobre quantas cabras-montesas há na Alemanha, mas só o estado da Renânia do Norte-Vestfália recolhe dados sobre o números de sem-teto.”

Já Grabka, que colaborou no relatório, afirma que ele é melhor do que qualquer um dos antecessores e que o governo está se tornando mais aberto sobre a questão da pobreza. Contudo, mesmo discordando quanto à qualidade dos dados sobre os pobres da Alemanha, os especialistas estão de acordo que o governo precisa de mais informações sobre os ricos da Alemanha.

“Acho que o relatório não está à altura de seu nome em termos de riqueza”, ressalva Grabka. “Sabemos relativamente pouco sobre os mais abastados da Alemanha, quantos são e que porção da riqueza concentram.” Só quando essa situação for retificada, se poderá avaliar o valor potencial de um imposto sobre riqueza ou de um imposto ampliado sobre herança afirma o especialista de Berlim.

Texto original em português do Brasil

Nota do Director

Reproduzimos este artigo ao abrigo de um acordo de cooperação Portal Vermelho / Tornado.

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