Pode chamar de Paulo, pode chamar de Freire…só não pode deixar a coragem e a consciência e o compromisso pro lado de fora dos portões da escola – de qualquer escola – mas especialmente da escola da vida, vida essa seca e severina ao primeiro olhar, porém cheia de força, boniteza e esperança quando lida e entendida pelas grossas lentes dos óculos freireanos.
Reflitamos, coçemos a nossa barba imaginária, a nossa calvície hipotética, nos debrucemos sobre o mundo de gentes e coisas e exatamente nessa ordem – primeiro as gentes, suas existências, suas necessidades, suas utopias; depois as coisas, em toda a sua complexidade, maravilhamento e contradição – e transformemos a teoria abstrata naquilo que há de mais radical em Paulo Freire: Liberdade!
Não temeis, professora ou professor – de ofício ou não – por educar e acabar por ser educado, eis aí uma das profundezas daquilo que indicou com sapiência e humildade o mestre pernambucano, filho desta terra que desde sempre teve consigo o particular e o universal.
Também não temeis o Sol amarelo, a gota da chuva, a brisa da noite, o ressoar do trovão, a cantoria dos pássaros, o quebrar das ondas, o sorriso sincero do povo, tampouco temam o arbítrio, a mentira, a ganância, o ódio, a violência.
E quando todos parecerem dizer que o errado, o ruim, o mal é o certo, o bom, o bem, inspire-se, esperançe-se, na obra – intenção e gesto – daquele homem, aqui antes como condição e ser do que sexo ou gênero, que nos permitiu entender que revolução e amor não são só compatíveis, mas imprescindíveis.
Viva o centenário de nascimento de Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira!
Texto em português do Brasil