Pablo Iglesias coloca a Catalunha no centro do problema político de Espanha ao subordinar qualquer entendimento para a formação de um governo à celebração de um referendum para a independência da Catalunha. O líder do ‘Podemos’ assume-se assim como o intérprete por excelência da situação de transição para um novo modelo do Estado Espanhol, esgotado que está o que vigorou desde a morte de Franco, o chamado “Estado das Autonomias”.
Nestas eleições, mais do que um governo ou uma coligação, o que estava colocado aos eleitores era a escolha da forma de saída do esgotado sistema pós-Franco. Escolherem entre a forma dura dos ‘hardliners’ do PP e aliados ou a via ‘soft’ do PSOE e aliados. A resposta dada não tem uma leitura clara, pelo que gera um imenso imbróglio político.
Neste xadrez, Pablo Iglesias emerge como o radical da via ‘soft’ e coloca não só a Catalunha no centro de Espanha como também coloca o ‘Podemos’ no centro do debate político decisivo para o futuro de Espanha. Como há dias aqui se escrevia: “A grande questão destas eleições é esta mudança, agora em aceleração, no tabuleiro do Estado Espanhol. Como vai ela evoluir e por que via. Como vão comportar-se no tabuleiro em mudança os novos protagonistas agora eleitos e como vão condicionar e influenciar esse tabuleiro (recorde-se, por exemplo, que o Podemos é assumidamente não-monárquico…).” Os próximos tempos em Espanha vão ser muito ricos. Politicamente, claro.