Quando se fala em Poesia e BD, necessariamente, falamos de Inês Ramos, uma artista gráfica portuguesa a quem Cabo Verde se colou à pele. Autêntica militante da Cultura, vem pondo à disposição do público cabo-verdiano qualquer coisa como mais de três mil títulos. Sábado a Sábado, roubando horas ao descanso por amor e militância cultural
Após um interregno de mais de três anos, a Feira do Livro de Poesia e Banda Desenhada regressa à capital do país. Desta feita, este grande evento cultural, organizado pela artista gráfica portuguesa Inês Ramos, vai assentar banca no átrio do Cinema da Praia, no Platô, decorrente de uma parceria com a autarquia da capital cabo-verdiana.
Livros em primeira e segunda mão, peças raras de alfarrabista, livros de artista, edições de autor, fanzines, revistas literárias, livros que cruzam a poesia e banda desenhada vão estar permanentemente, todos os Sábados, no cinema, com horário entre as 10h e as 18h, num universo de mais de três mil títulos.
Tendo por objectivo aproximar os dois géneros do público e dar a conhecer poetas e autores de banda desenhada, a feira tem ainda uma banca totalmente dedicada a autores africanos, bem como uma outra de livros grátis, onde se pode fazer permuta de edições.
Durante um ano, entre 2011 e 2012, Inês Ramos organizou, todos os Sábados, a Feira do Livro de Poesia e Banda Desenhada no espaço Palkus, no Palácio da Cultura Ildo Lobo. Regressada a Portugal, manteve a feira semanalmente num espaço cultural de Lisboa. De volta a Cabo Verde, onde agora reside de novo, a designer gráfica volta a marcar a oferta cultural da cidade da Praia.
Uma militante da cultura
Assumida “fã” de poesia e banda desenhada, Inês Ramos (quando chegou a Cabo Verde, em 2010) logo constatou que as livrarias da capital muito pouco tinham para oferecer aos leitores. A ideia de organizar uma feira logo lhe surgiu como o meio mais eficaz de pôr à disposição do público cabo-verdiano o que de melhor se publica na poesia e banda desenhada.
Numa primeira fase, a feira era só de poesia, mais tarde ganhou asas para acrescentar a banda desenhada e “institucionalizou-se” aos sábados no espaço Palkus do Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia.
Aos poucos, mas de forma segura, a Feira do Livro de Poesia e Banda Desenhada foi ganhando público, e Inês Ramos logo surgiu, no panorama cultural cabo-verdiano, como uma referência destes géneros literários e artísticos.
Artista gráfica de profissão, Inês Ramos desde cedo se moveu bem nos círculos da poesia e da banda desenhada (BD) em Portugal, onde sempre foi uma das maiores divulgadoras e amiga pessoal de muitos poetas e criadores de BD, razão que levou uma amiga cabo-verdiana a sugerir-lhe a realização de uma feira.
No Palkus, Sábado a Sábado, num trabalho militante onde o lado económico não tem qualquer relevância, a feira foi-se afirmando até 2012, altura em que regressou a Portugal, levando o conceito para Lisboa, onde, todos os Sábados expunha a sua Feira do Livro de Poesia e Banda Desenhada numa conhecida colectividade da capital portuguesa. Antes, porém, teve ainda ocasião de editar, com o apoio do Ministério da Cultura de Cabo Verde, o primeiro fanzine cabo-verdiano de Poesia e BD, o “Banda Poética”, tornando conhecidos novos autores.
Numa primeira fase – e, ainda na capital cabo-verdiana -, a feira exibia trinta a quarenta livros, mais tarde passou a trezentos, e foi por aí afora. Actualmente conta com qualquer coisa como três mil títulos, que levanta à consignação em várias editoras portuguesas. Poesia lusófona e africana de editoras independentes e edições de autor povoam o “cardápio” desta feira.