Um relatório da Amnistia Internacional documenta e analisa as práticas de discriminação racial com que a Polícia Metropolitana de Londres, no Reino Unido, está a usar a Gangs Matrix, base de dados que mapeia os gangues na capital britânica.
Em resumo
- a Matrix estigmatiza jovens negros do sexo masculino, com o género musical grimea ser considerado um indicador-chave de possível pertença a gangue
- polícias criam contas falsas nas redes sociais para se tornarem “amigos” de suspeitos
- apelo ao presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, para desmantelar a Matrix a não ser que a base de dados passe a cumprir as normas
- Gabinete do Comissário de Informação, a autoridade britânica de protecção de dados, deve abrir inquérito público
Há claramente um problema enorme de violência no crime com armas brancas actualmente em Londres, mas a Gangs Matrix não é a resposta. É antes parte de um enfoque inútil e racializado no conceito de gangues.”
A investigação da Amnistia Internacional apurou que esta base de dados, mantida sob grande secretismo pelas autoridades, e a forma como é gerida, estigmatiza jovens negros, que são desproporcionadamente referenciados, ao ponto de serem considerados como indicadores-chave até géneros musicais para identificar indivíduos como possíveis membros de grupos criminosos ou a eles associados.
A organização de direitos humanos apurou ainda que a polícia usa contas falsas nas redes sociais para monitorizar suspeitos sem os necessários mandados e também que a informação recolhida na base de dados é partilhada com outros organismos, por exemplo, na área da habitação e educação, com efeitos adversos para quem é listado na Matrix.
Este relatório, intitulado “Trapped in the Matrix: Secrecy, stigma and bias in the Met’s Gangs Database” (Encurralados na Matrix: Secretismo, estigma e preconceitos na base de dados de gangues da Polícia Metropolitana).
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