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Sábado, Novembro 23, 2024

Política Keynesiana na Pandemia da Covid-19?

As crises econômicas necessitam de diagnósticos fundamentados para a aplicação adequada de medidas.

A Coronacrise é uma crise multifacetada que teve início no âmbito da saúde com impactos econômicos e sociais. A Covid-19 é um vírus de fácil transmissão e que afeta principalmente o sistema respiratório, podendo levar ao óbito. Com essas características da doença, diversas instituições e governos em âmbito internacional apontaram a quarentena como política necessária para reduzir a transmissão do vírus até outra solução mais adequada – como a vacina.

Nesse cenário, as medidas que devem ser adotadas para reduzir a circulação da população é limitar as atividades econômicas, assim, setores não essenciais na economia seriam restringidos. Portanto, este tipo de crise se trata de uma crise sanitária que afeta a economia restringindo a oferta, ou seja, genericamente, uma crise de oferta na economia.

O debate entre muitos economistas é tentar relacionar a interpretação de Keynes sobre crises com a natureza da crise atual. Keynes é um grande economista que contribui para a análise dos ciclos econômicos e as políticas que devem ser utilizadas em período de recessão econômica, o economista destaca um tipo específico de crise: a de insuficiência de demanda. Nessa perspectiva, Keynes indica que em uma crise caracterizada por deficiência de demanda deve ser acionada as políticas do governo, principalmente a política fiscal para gerar emprego e renda.

Desta forma, políticas econômicas Keynesianas devem ser utilizadas no pós pandemia quando a demanda estará debilitada por causa da crise e sem as restrições de ofertas impostas pela quarentena, portanto, no cenário pós pandemia deve-se acionar políticas keynesianas para crescimento econômico com objetivo de reduzir o desemprego, aumentar a renda e reduzir as desigualdades socioeconômicos.

Porém, durante a pandemia, com os impactos no aumento do desemprego e na redução da renda da população e os problemas enfrentados pelas empresas diante das restrições da oferta, o governo deve criar políticas para aliviar esse cenário com transferência de renda para a população, financiamento adequado para as empresas, investimentos na área da saúde e em pesquisa para lidar com os adventos durante e após a coronacrise, mas não com objetivo de gerar crescimento econômico e emprego na perspectiva keynesiana.


por Júlio Nascimento, Doutorando em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da UNICAMP e pesquisador do Centro de Conjuntura e Política Econômica (CECON/IE/UNICAMP) | Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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