A manifestação que reuniu grande parte da população na manhã de domingo, terminou violentamente com a intervenção do exército marroquino. Segundo se pode ler na conta twitter de Ouled Youssef (@ymouled) a situação da cidade marroquina de Al Hoceima é explosiva.
O conhecido jornalista marroquino Ali Lmrabet também está a seguir os motins e repressão no Rif através de redes sociais, sendo muito activo na sua conta @Alilmrabet Twitter, onde compara a situação actual do Rif com o Sahara Ocidental e o acampamento de protesto saharui Gdeim Izik. Este acampamento que durante um mês reuniu dezenas de milhares de saharauis que revindicavam de forma não violenta o direito à autodeterminação e os seus direitos básicos, foi brutalmente desmantelado em Novembro de 2010.
No próximo dia 13 de Março irão novamente a julgamento 24 activistas saharauis que participaram neste acampamento e que têm penas atribuidas sem provas e de forma ilegal por um tribunal militar em 2013, três anos após a sua detenção. Mais uma vez Marrocos utiliza a força bruta contra civis que se manifestam pacificamente. A Tv Rif24 transmitiu parte dos acontecimentos ao vivo e os insultos contra as forças de segurança marroquinas e o rei Mohamed VI.
A policia fez uma rusga violenta em Al Hoceima arrombando portas e irrompendo pelas casas. O Rif acorda de novo, uma região que deu dores de cabeça a Hassan II que mandou matar milhares de Rifeños para erradicar qualquer oposição à monarquia, levanta-se agora contra o filho, Mohamed VI. Os manifestantes insultavam os policias e militares chamando-lhes “escravos”, “mortos de fome” e “ladrões”.
O cerco militar não se limita à cidade de Al Hoceima mas sim a todo o Rif . Uma situação de controle militar absoluto sobre a população como sucede no Sahara Ocidental. A população do Rif é conhecida pela sua tenacidade, de 1921 a 1927 o Rif pega em armas contra os colonizadores espanhóis e franceses e desde a revolta de 1958 que é uma zona militar. A cidade Al Hoceima continua a ser uma zona militar até aos dias de hoje por um decreto emitido em 1958.
Segundo várias fontes Abdellatif Hammouchi, o chefe dos policias marroquinos envolvidos em vários casos de tortura, está em Al Hoceima.
Zafzafi de Nasser, líder do Movimento Popular do Rif, exortou, num vídeo publicado nas redes sociais, toda a população rifeña e todos os marroquinos a iniciar uma greve geral no domingo contra o regime que, como ele diz “mata as nossas crianças”. Os últimos relatórios falam de “detenções arbitrárias, ataques, bloqueios de estradas e cortes na conexão à internet …”