O populismo parece ter explodido nos últimos anos. Veio com as crises económicas ou é cíclico?
Agora estou mais interessada em saber quem são estes líderes populistas que evangelizam e arrastam apoiantes.
Quem é a pessoa, o ser humano, que é o núcleo desta personalidade que nos persegue, a nós os não apoiantes, nós que não fomos atraídos pelas profecias evangelizadoras, nem sentimos a sedução destes líderes que Os Outros, os apoiantes vêm como um símbolo de salvação divina, defendem, de forma para Nós irracional.
Hoje pensei na importância que Carl Gustav Jung dava ao círculo, como representação do divino. O círculo que rodeia a cabeça das estátuas dos deuses da Antiga Grécia, o circulo que aparece nos ícones ortodoxos, os círculos que pintados em torno da cabeça dos santos. Os círculos são formas de estigmas. De forma grotesca mas eficaz, estes círculos símbolos do poder divino, estão transformados em coroas de cabelo amarelo.
Estes homens são a representação dos céus na terra. Bem que Jung morreu terrivelmente preocupado com o futuro da humanidade.
Frequentemente descritos por investigadores, sociólogos, psicólogos, psiquiatras,jornalistas, e analistas políticos como provocadores mal-educados que disrupcionam o jogo político, mas também como líderes carismáticos capazes de persuadir e motivar.
A ‘personalidade’ populista e a a personalidade do líder carismático podem e devem ser investigadas, tornadas publica e acessível à discussão para as pessoas que se interessam, se preocupam, têm receio pelo futuro, se interrogam pelo curso de acontecimentos imprevisíveis e catastróficos, ou seja NÓS.
Ao pesquisar encontrei dezenas de estudos, com enormes bases de dados e avaliações de especialistas para 152 candidatos (incluindo 33 populistas) que ultimamente concorreram em 73 eleições em todo o mundo.
Estes estudos mostram que os populistas obtiveram da parte dos especialistas uma pontuação mais baixa em agradabilidade, estabilidade emocional e consciência. Mas têm uma pontuação mais alta em extroversão, narcisismo, psicopatia e maquiavelismo. Esses resultados têm implicações importantes para o estudo do sucesso dos populistas nas eleições nas democracias do nosso tempo. Os eleitores não tem a mesma percepção do candidato que têm os investigadores. Em princípio os investigadores não estão FASCINADOS pelos candidatos (objectos) do seu estudo.
Os diversos autores referem como sendo de relevo o ‘estilo político transgressivo‘, o discurso ofensivo, repleto de insultos, ironias, sarcasmos e até ataques pessoais e foca a agitação, atos espetaculares, exageros, provocações calculadas e a intenção de quebrar de tabus políticos e socioculturais‘.
Estes políticos têm prazer em exibir ‘maus modos‘ e comportam-se como convidados bêbados.
Utilizam a provocação e discurso agressivo, provocador, mal educado e até mesmo um estilo político aberrante.
Associar líderes populistas a qualidades liderança carismática, um estilo político que ‘ajuda a incutir confiança na capacidade de desempenho do líder‘ parece ser uma característica comum dos populistas de esquerda latino-americanos, na Venezuela e no Peru.
Os populistas estabelecem uma ligação direta (twitter) e eficaz com seus seguidores, permitindo que eles se mobilizem. Usam um estilo enérgico, emotivo e arrojado.
O carisma é particularmente útil na comunicação demagógica, pois ajuda os políticos a “ultrapassar a distância entre as palavras e afirmações que fazem, e a realidade”.
Nem todos os líderes populistas são líderes carismáticos. E os estudos de Max Weber que citei na Crónica de ontem referem isso.
No nível individual, vários estudos sugerem que os eleitores avaliam intuitivamente a personalidade dos candidatos e levam isso em consideração em suas decisões de votação.
Isso depende também da personalidade do eventual eleitor.
Temos eleitores racionais, emotivos, fascinados, impulsivos..
Mas todos os populistas têm personalidade invulgares,estilo político peculiar.
A personalidade dos candidatos é descrita, por muitos especialista que fazem estudos sobre o populismo e a liderança carismática,em termos dos ‘Big Five’ comportamentos :extroversão (investigada nos aspetos de sociabilidade, energia, carisma), simpatia (investigados os aspetos de comportamentos cooperativos e pró-sociais, prevenção e tolerância a conflitos), consciência (investigados os aspetos de disciplina, responsabilidade e um senso de que a vida deve ser organizada) estabilidade emocional (os aspetos de calma desapego, baixa angústia emocional e ansiedade) e abertura (aspetos de curiosidade, tendência a criar novas experiências).
Utilizam também a classificação de ‘Tríade Sombria’ O narcisismo, incluindo incluindo comportamentos de reforço do ego, tendência a buscar atenção e admiração), a psicopatia (falta de afeto, falta de remorso, insensibilidade), o maquiavelismo e extroversão.
As análises baseiam-se num novo conjunto de dados que inclui informações sobre a personalidade de 152 candidatos (incluindo 33 populistas) que competiram em 73 eleições nacionais entre junho de 2016 e dezembro de 2018 em países como da Albânia ao Zimbabué e inclui eleições recentes nas democracias “ocidentais” dos EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Suécia, Holanda, Islândia, Espanha, Áustria, Austrália e outros como Gana, Costa do Marfim, Marrocos, Quénia, Ruanda, Madagascar, Camarões, Europa Oriental (por exemplo, Bulgária, Moldávia, Roménia, República Checa, Hungria, Turquia), Balcãs (por exemplo, Sérvia, Montenegro, Croácia, Macedónia, Kosovo), Ásia Oriental (Japão, Hong Kong, Malásia) e América Latina (por exemplo, Argentina, México, Brasil, Chile, Equador, Colômbia, Costa Rica).
Mais importante ainda, o conjunto de dados contém informações sobre o estilo de campanha de um grande leque de candidatos – incluindo muitos candidatos populistas, como Donald Trump, Viktor Orbán, Jair Bolsonaro, Recep Tayyip Erdoğan, Geert Wilders, Marine Le Pen, Norbert Hofer, Andrej Babiš e Matteo Salvini.
Confirmando amplamente as expectativas dos investigadores, as análises mostram que os populistas obtêm uma pontuação significativamente mais baixa nos BIG FIVE, e pontuação substancialmente alta na Triade Sombria do narcisismo (incluindo comportamentos de reforço do ego, tendência a buscar atenção e admiração), psicopatia (falta de afeto, falta de remorso, insensibilidade) e maquiavelismo acompanhado de extroversão. Podem incluir-se aqui personalidades ‘malévolas’ ou aversivas.
O estudo sistemático dos traços de personalidade psicológica das figuras públicas tem rica tradição.
Esta abordagem é, no entanto, incompleta, pois ‘não discrimina facilmente entre várias tendências antissociais, como a propensão a mentir ou a ser vingativo’.
A literatura aponta para um conjunto alternativo de traços de personalidade, como construções independentes, e o modelo HEXACO de Jonason e McCain, 2012).
Nos últimos anos, vários estudos avaliaram os traços de personalidade de figuras políticas (por exemplo, Donald Trump, pelos pesquisadores Nai e Maier 2018; Visser et al. 2017), enquanto outros estudos apresentaram uma avaliação da personalidade de figuras políticas em geral.
Nós racionalizamos e analisamos. Estudamos. Conceptualizamos. Penso que não podemos nem devemos interferir com as crenças daqueles OUTROS que se sentem fascinados por líderes que os sossegam. Essa interferência, essa discussão é esgotante. Eles não conseguem ouvir!
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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