Numa entrevista à TVI, Paulo Portas mostrou-se hoje disponível para deixar de ser o número dois do Governo num executivo partilhado entre PSD, CDS e PS. “Se tivesse de deixar de ser o número dois nesse governo, deixaria”, declarou o presidente do CDS e ainda vice-primeiro-ministro, acrescentando que António Costa tem “falta de humildade” e que existe um “risco democrático” de que governe quem não ganhou as eleições.
Para Paulo Portas é “no perímetro” dos partidos que respeitam a União Europeia, o euro e a Aliança Atlântica que devem ser encontrados compromissos, excluindo, assim, o PCP e o BE das negociações para um futuro executivo.
Contudo, as negociações entre a coligação PSD/CDS e o PS parecem não evoluir. Esta segunda-feira, o secretário-geral do PS acusou Pedro Passos Coelho de “procurar inverter o ónus de ter posto um ponto final nas conversações”, reafirmando que as divergências “não são de lugares, mas de reorientação de política”.
“O que nos separa não são lugares no Governo, que recusámos desde o início, ou o relacionamento pessoal, mas a imperiosa necessidade do país e a soberana vontade dos portugueses de uma reorientação de política, que persistem em não aceitar”, afirma António Costa numa carta de resposta a Pedro Passos Coelho.
A questão das finanças públicas do país foi também abordada na entrevista de Paulo Portas à TVI. Segundo o presidente centrista, não haverá “nenhuma surpresa” neste assunto que, aliás, o mesmo garante nunca ter sido abordado nas reuniões entre PSD/CDS e PS. Recorde-se que António Costa acusou, na semana passada, a coligação PSD/CDS de não ter fornecido o essencial dos dados económicos e financeiros sobre a situação do país.
“Não há o direito de lesar a credibilidade externa de Portugal. Isso não é verdade, haja sentido de Estado”, reiterou.