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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Porto de Ostia

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

São muito características as imagens identificadoras do pintor. Paisagens delicadas em que a escolha heroína recai em céus infinitos ou em pôr-do-sol entusiasmantes, em bosques magníficos ou em enseadas e portos deslumbrantes.

São locais preferidos da natureza e de algum modo mitológicos, mas que podemos associar a uma certa Itália, ainda que imaginada.

A sua pintura histórico-artistica, impõe um tratamento contrastante que dá aos elementos um lirismo inultrapassável. A opção clássica da sua criatividade obriga a uma leitura atenta, espiritual, a um esforço interior do que não está à vista, diria eu. Esforço esse que tanto fascinou Dostoievski ao ver um quadro seu exposto no Ermitage, quando escreveu extasiado «ver o paraíso terrestre da Humanidade», através deste «sonho maravilhoso, sublime ilusão do homem.

Claude Lorrain

(1600–1682)

Claude Gelée, que assumiu o nome de Claude le Lorrain (ou Claude Lorrain), nasceu em Chamagne, França.

Por volta de 1613, Lorrain foi para a Itália, onde passou toda a vida. Iniciou-se na pintura por volta de 1620, aprendendo a tradição da paisagem iluminista fundada por Adam Elsheimer (1578-1610) e divulgada no século XVII pelo flamengo Paul Brill (1554-1626). Lorrain, contudo, superaria os seus mestres, tornando-se o intérprete da luz solar.

Depois de criar cenas que reproduzem fielmente a realidade (é o caso das pinturas “Campo Vaccino” e “Festa na aldeia”, por exemplo), Lorrain dedicou-se à pintura que o tornou imortal: portos de mar em que o sol doura embarcações e palácios, reverberando pela água, e paisagens ensolaradas nas quais encontramos as mais diversas variações da luz. Contudo, de todas as fases do dia, a tarde, o crepúsculo e o anoitecer serão os momentos que mais inspiraram as suas paisagens.

Lorrain deixou para a posteridade, além das pinturas, o seu Liber veritatis (Livro da verdade), um caderno de esboços no qual reuniu não só os desenhos preliminares de cada obra, para evitar falsificações, mas o roteiro detalhado da composição de cada pintura, o nome de quem o havia encomendado e, inclusive, o pagamento que recebeu pelo trabalho.

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