De acordo com a edição de Março de 2017 do FocusEconomics Consensus Forecast – Euro Area publicada esta semana, Portugal vai continuar a divergir dos seus parceiros da Zona Euro nos próximos 5 anos.
A FocusEconomics agrega as previsões macroeconómicas produzidas de forma independente por um conjunto de investigadores e instituições produzindo depois uma análise própria sobre a evolução da economia europeia no contexto mundial.
Para Portugal o documento aponta um crescimento lento que se traduz por uma maior divergência com os seus parceiros da zona do Euro. Se em 2015 o PIB per capita português se situava em 14º lugar entre os 19 países da zona Euro, em 2021 ocuparemos a 15ª posição, sendo ultrapassados pela Estónia.
Quando em 2003 a União Europeia se alargou a Leste com a inclusão simultânea de 10 novos países, 8 de Leste mais o Chipre e Malta, as elites portugueses repetiram à exaustão que Portugal era a favor deste alargamento e que se tratava de países pobres que não fariam concorrência aos produtos portugueses.
Passados menos de 15 anos destes 10 países três já nos ultrapassaram Eslovénia, Chipre e Malta, um está a par, a República Checa, e os outros aproximam-se. Em 2021 o número destes países que nos ficará à frente crescerá para cinco com a ultrapassagem da Estónia e da República Checa.
Todos assistimos a inúmeras deslocalizações de multinacionais rumo ao Leste europeu e à forte concorrência que esses países fazem em múltiplas categorias de produtos em que Portugal tinha tradição.
Naturalmente que essa miopia política se paga pesadamente, com o atraso do país, a emigração de milhares de portugueses, a pobreza de centenas de milhares de cidadãos, realidades que se traduzem na perca de lugares nos rankings do PIB per capita.
Hoje os mesmos que defenderam o alargamento vendem as virtudes do Euro, continuando sem perceber os constrangimentos que essa opção tem sobre a economia nacional e as vidas dos portugueses.
Nos últimos anos, principalmente depois da desastrosa adesão do país ao Euro, Portugal atrasou-se e permitiu que os seus concorrentes europeus o ultrapassassem.
Seguindo uma política de renúncia aos instrumentos macroeconómicos de ordem orçamental e monetária, apostando na dívida pública para não tributar as empresas, incentivando a divida privada empresarial em detrimento do reforço dos capitais próprios, permitindo a fuga de capitais para offshores, recusando a intervenção estatal na economia, privatizando empresas estratégicas, nomeadamente no âmbito das energias e das telecomunicações, subsidiando atividades improdutivas, deixando nas mãos de estrangeiros as principais indústrias exportadoras, Portugal tem vindo a afundar-se e a perder a sua viabilidade política e económica.
Urge uma nova política que corte com a moeda única, promova a renegociação da dívida externa, dê maior centralidade ao papel do Estado como motor da economia e reforce o papel da Defesa polo impulsionador de inovação e crescimento económico.
Ordem | País | 2015 | % da Média Zona Euro |
1 | Luxemburgo | 90.970 | 290,96% |
2 | Irlanda | 55.192 | 176,53% |
3 | Holanda | 39.944 | 127,76% |
4 | Austria | 39.427 | 126,11% |
5 | Finlândia | 38.223 | 122,25% |
6 | Alemanha | 36.874 | 117,94% |
7 | Bélgica | 36.609 | 117,09% |
8 | França | 33.934 | 108,54% |
9 | Itália | 27.001 | 86,36% |
10 | Espanha | 23.170 | 74,11% |
11 | Malta | 21.562 | 68,97% |
12 | Chipre | 20.779 | 66,46% |
13 | Eslovénia | 18.696 | 59,80% |
14 | Portugal | 17.245 | 55,16% |
15 | Grécia | 16.182 | 51,76% |
16 | Estónia | 15.424 | 49,33% |
17 | Eslováquia | 14.515 | 46,43% |
18 | Lituania | 12.840 | 41,07% |
19 | Letónia | 12.260 | 39,21% |
Média zona Euro | 31.265 |
Ordem | País | 2021 | % da Média Zona Euro |
1 | Luxemburgo | 104.643 | 286,71% |
2 | Irlanda | 67.506 | 184,96% |
3 | Holanda | 47.257 | 129,48% |
4 | Austria | 45.777 | 125,42% |
5 | Alemanha | 44.133 | 120,92% |
6 | Finlândia | 44.106 | 120,84% |
7 | Bélgica | 41.728 | 114,33% |
8 | França | 39.028 | 106,93% |
9 | Itália | 29.990 | 82,17% |
10 | Espanha | 29.004 | 79,47% |
11 | Malta | 28.046 | 76,84% |
12 | Chipre | 24.600 | 67,40% |
13 | Eslovénia | 23.212 | 63,60% |
14 | Estónia | 20.820 | 57,04% |
15 | Portugal | 20.252 | 55,49% |
16 | Grécia | 19.445 | 53,28% |
17 | Eslováquia | 18.847 | 51,64% |
18 | Lituania | 18.267 | 50,05% |
19 | Letónia | 16.531 | 45,29% |
Média zona Euro | 36.498 |
Fonte: FocusEconomics Consensus Forecast – Euro Area, Março 2017