Lisboa foi o palco, na passada semana, de protestos acesos a favor dos activistas e contra a influência de empresários angolanos que têm investido em Portugal, nomeadamente em grupos editoriais de media e em negócios de telecomunicações, o que alguns classificaram de “colonização ao contrário”.
Foram agendadas mais manifestações de protesto para esta semana, de forma a coincidirem com outras agendadas em Luanda, capital angolana, onde a condenação dos activistas revoltou jovens angolanos, que se manifestam cada vez mais através do rap, revelou Rafael Marques de Morais, escritor.
O The Guardian revela que José Eduardo dos Santos, presidente de Angola, advertiu Portugal contra uma “interferência” nos seus assuntos internos, porém, o chumbo de uma moção no parlamento português que condena os veredictos foi classificado de “cumplicidade” com o regime. O grupo inclui o rapper e activista luso-angolano Luaty Beirão, o escritor Domingos da Cruz e Nito Alves, que vende t-shirts com mensagens políticas.
Este grupo foi detido por organizar um encontro que discute obras políticas e defende o protesto não-violento. O nome dado ao encontro foi “Da Ditadura à Democracia”.
Após um período prolongado de prisão preventiva, onde vários activistas chegaram a fazer greve de fome em protesto contra as detenções, o grupo de activistas foi condenado em tribunal a penas de prisão, entre dois a oito anos e meio, para além de pesadas multas.
As acusações variavam entre “falsificação de documentos” (no caso de Luaty Beirão) e “liderança de associação criminosa” (no caso de Cruz). Outro activista, Francisco Mapanda, foi condenado por ter gritado em protesto durante o julgamento. “Este julgamento é uma anedota”, exclamou. Tanto os advogados de defesa como de acusação assumiram que vão recorrer da sentença.
O Albert Einstein Institution condenou o julgamento, tal como a Human Rights Foundation em Nova York, nos EUA. Ambas as organizações pedem ao governo de Luanda que liberte os activistas. Por sua vez, a Amnistia Internacional (AI) declarou os 17 condenados “prisioneiros de consciência” e também pediu a sua libertação imediata.
Citado pelo Guardian, Deprose Muchena, director da AI para a região do sul de África, declarou que “os activistas foram condenados de forma errada num julgamento profundamente politizado. São vítimas de um governo determinado a intimidar quem quer que se atreva a questionar as suas políticas repressivas”, acusou.