“Hoje Bruxelas e o seu aeroporto, e amanhã pode ser Portugal e a Hungria”. É esta a mensagem que um canal de propaganda do Daesh apresentou há dois dias, e que coloca Portugal como um dos potenciais alvos do auto intitulado Estado Islâmico.
As autoridades nacionais já estão a analisar a mensagem, divulgada esta Quinta-feira pelo Washington Post, para compreender qual o grau de gravidade e, segundo o Expresso, apesar de “não existirem razões para alarmismos” a mensagem é considerada “válida”.
Em declarações à Lusa, a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, admitiu que já estão a ser tomadas “medidas de reforço e articulação entre as forças de segurança, incluindo os serviços de informações”.
Apesar do nível de alerta em Portugal se manter inalterado, a segurança nos aeroportos foi reforçada, principalmente depois do Instituto de Pesquisa do Médio Oriente (MEMRI), com sede nos Estados Unidos, ter considerado que esta ameaça directa do Daesh pretende demonstrar que pode atacar em qualquer ponto da Europa.
Esta não é a primeira vez que Portugal é visado numa mensagem de propaganda do Daesh. Ainda em Fevereiro, um jihadista de cara tapada, que as autoridades acreditam ser o lusodescendente Steve Duarte, ameaçou directamente a Península Ibérica.
Portugal e Espanha há muito na rota do Daesh
As ameaças a Portugal e a Espanha por parte do auto intitulado Estado Islâmico não são novidade. Já em 2015, o livro do jornalista da BBC Andrew Hosken, “Empire of Fear: Inside the Islamic State” (Império do Medo: Dentro do Estado Islâmico), apresentava um mapa com as intenções de expansão do território do grupo terrorista.
O mapa demonstra exactamente que a Península Ibérica, aqui denominada por Al-Andalus, é uma das zonas que o Daesh pretende “reclamar”, considerando que faz parte do “mundo islâmico”. A área compreende não só os territórios de Portugal e de Espanha mas também de França.
Na altura do lançamento do livro, o autor acreditava ser “pouco provável” que a pretendida expansão viesse alguma vez a ocorrer, mas a verdade é que Andrew Hosken poderá estar errado. Isto porque, no livro, Hosken explica que o Estado Islâmico tem um plano de sete etapas que incluía provocar uma guerra dos Estados Unidos com o mundo islâmico (o que veio a acontecer após o 11 de Setembro), bem como instigar protestos contra as lideranças árabes (o que também se concretizou com a Primavera Árabe).
As restantes etapas definidas pelo Daesh também já se encontram em marcha: destabilizar o Iraque, a Síria e a Líbia, e prejudicar a economia da Tunísia.
Além do Estado Islâmico, também a Al-Quaeda tem pretensões no denominado território Al-Andalus. Em Setembro do ano passado, o sucessor de Bin Laden, Al Zawahiri, afirmava que, apesar de considerar o Estado Islâmico uma organização “ilegítima”, não colocava, contudo, de parte a possibilidade de uma união de forças para reconquistar os territórios pretendidos e lutar contra o Ocidente.