Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, «nós» não consideramos a tese do Golpe naquela pouca vergonha do Brasil.
Por mais que respeite o senhor Ministro, vulgo pessoa de rara inteligência e até de sentido de Estado, creio que esta submissão ao medo do que possa acontecer aos portugueses (?) que vivem no Brasil é uma felicidade própria dos tristes.
O tempo em que Portugal tinha personalidade já lá vai; Portugal enterrou os cornos da liberdade e da justiça numa dessas praias nacionais sem bandeira azul.
Não houve golpe?
Tem a certeza, senhor ministro? Foram essas as informações que lhe chegaram da Embaixada de Portugal?
Ou qualquer país «irmão» pode fazer o que lhe apetecer e Portugal, de cócoras, não liga pevide e faz de contas que está envolvido nalguma coisa mais interessante que ninguém sabe?
A dura Angola, a inquieta Guiné, a ambiciosa Cabo Verde, o farsante actual governo brasileiro, cuja acusadora da ex-presidente lhe pediu desculpas públicas e vários senadores que votaram na sua destituição já vieram também publicamente declarar que a mulher até é inocente, não diz nada a Portugal, este amorfo Portugal está sem pica para nenhum deles? É isso?
Ah, os negócios!
Então o que vai dizer a Cuba? Ao Equador, ao Chile, ao Uruguai? Etc e tal?
Portugal está transformado num idolatra.
Vossa Excelência, pessoa tão culta e tão experiente, não sente vergonha? Já esqueceu as regras da sociologia e da sensatez? Daquelas coisas boas que lhe saíam da boca nas salas de aulas e que agora a ninguém as ensina?
Vossa excelência é uma desilusão, que é precisamente a perda das ilusões que eu tinha no seu cargo.
Pergunto-te Portugal, pergunto-lhe Sua Excelência, onde está a coerência deste país que se diz democrata e defensor dessa legalidade consagrada pelas Nações Unidas?
Por favor, não me aponte para trás, lá para o fundo dos costados e diga:
Tás a ver? Está aqui mesmo!