A fotografia do General Qasem Soleimani – comandante dos guardas revolucionários iranianos – entre as ruínas de Aleppo ilustra de forma crua a proclamação de vitória feita pelo presidente do Irão na conquista da cidade, e expõe a farsa da sua tomada pelo exército sírio.
Na dependência directa do líder supremo iraniano, Soleimani é o comandante do corpo expedicionário que tem dezenas de milhares de irregulares vindos do Líbano, Síria, Iraque, Irão, Afeganistão e Paquistão, e é também a ele que responde o que resta do antigo exército sírio. Foi ele também que negociou em 2015, em Moscovo, a inclusão da Rússia nos combates.
Sob proposta do Bloco de Esquerda, a Assembleia da República aprovou uma resolução de pesar pelos massacres de Aleppo responsabilizando, por esta ordem, EUA, Rússia e Turquia. Para além do PCP (e PEV) – que não poderia aprovar um documento com uma crítica à Rússia – o documento foi aprovado por unanimidade.
E é assim que o Estado Islâmico do Irão – cujo MNE o então presidente da Assembleia da República fez receber em plenário em 2010 – reforçou em Portugal o seu estatuto de total impunidade. Na era da pós-verdade tudo é possível.