A afirmação não é minha, mas de um dos pensadores que mais respeito no Brasil atual, Renato Janine Ribeiro, ex-Ministro da Educação no Governo Dilma Rousseff. Ele argumenta que não é exatamente a corrupção que destrói a democracia no Brasil, mas a falta de educação política do brasileiro.
Janine escreveu um longo texto ontem e postou no seu Facebook. Expõe questões polêmicas que os jornalistas, por conta da polarização política, não abordam como deveriam ou poderiam.
Diz que a marcha de hoje, em todo o Brasil, foi “contra o PT”.
Verdade, mas, a não ser pela TV Globo – que já está debatendo, desde que o dia raiou, o “Pós-Dilma” e a “ruína” do Lula no Lava Jato –, as pessoas se enganam dizendo que estão indo às ruas para protestar contra a corrupção.
Janine, no post do Facebook, esclarece: “Pouquíssimos brasileiros são contra a corrupção. Ser contra a corrupção é ser contra ela em qualquer partido, inclusive naquele que apoiamos.”
Avalia, como educador, o despreparo do brasileiro, inclusive da classe média alta com acesso a um ensino privilegiado, para debater e fazer opção política:
“O que temos hoje é uma grande maioria que detesta o PT e arruma o pretexto mais fácil num País de cultura política baixíssima (ah, e o PT tem culpa de ter melhorado a vida sem melhorar a cultura. A gratidão durou só o tempo em que a vida estava boa). Desde a colônia, a grande acusação ao outro lado é uma só: corrupção. Independência e República não melhoraram o repertório mental dos brasileiros. E essa indigência mental é muito democrática. Os ricos e instruídos são tão carentes de educação política quanto as outras classes.”
Critica essa crendice geral de que a política pode ser resolvida em um passe de mágica, por exemplo, com a queda da presidente Dilma Rousseff. Recorda que pouco se aprendeu com o impeachment de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito após o fim da ditadura militar:
“…muita gente prefere a magia, a mentira. Educação política é sair da magia, da mentira, do maniqueísmo.”
Sobre o rumo do Brasil, a partir deste domingo, não arrisca um palpite, mas aponta a leviandade do jornalismo:
“A marcha de hoje terá seus efeitos, sim, dependendo de seu tamanho, mas não ajudará em nada o País a vencer a corrupção. Basta lembrar o tuíte do jornalista que apelou para uma queda rápida de Dilma, a fim de evitar que a lava jato pegue mais e mais políticos… Ele disse tudo.”
[…] Continua… […]