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João de Sousa

Quinta-feira, Novembro 21, 2024

O povo volta às ruas contra Bolsonaro

Já era esperado que, com o sucesso das primeiras manifestações organizadas pela Campanha Fora Bolsonaro, em 29 de maio (29M), mais brasileiros se dispusessem a sair às ruas para dar um basta ao governo genocida, autoritário e entreguista à frente do País. Porém, antes mesmo do início dos atos do #19JForaBolsonaro, no próximo sábado (19), sobressai de antemão uma inequívoca demonstração de força: cresce – e muito! – o número de cidades que terão protestos.

Segundo a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo e as demais entidades que compõem a Campanha Fora Bolsonaro, no 29M houve atos em 213 cidades do Brasil e em outras 14 no mundo, que mobilizaram cerca de 420 mil pessoas. Agora, a dois dias do 19J, já estão confirmadas atividades em mais de 400 cidades brasileiras e em ao menos 30 estrangeiras.

Outro fato novo e relevante foi a maior adesão do movimento sindical às manifestações. Em 9 de junho, dez centrais sindicais – CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, CSP-Conlutas, InterSindical, CGTB e Pública – anunciaram apoio unificado ao 19J. As entidades também convocaram para esta sexta-feira (18) “mobilizações nos locais de trabalho e terminais de transporte público”, para “dar capilaridade” à luta contra o presidente Jair Bolsonaro.

O sindicalismo reforça bandeiras de luta como a vacina já para todos, o auxílio emergencial de R$ 600 e o combate à fome e à carestia. As centrais também citaram pautas importantes para a preservação de empregos e direitos dos trabalhadores, como a extensão do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, a luta contra a reforma administrativa (PEC 32/2020) e a defesa da Agenda Legislativa das Centrais, que foi apresentada ao Congresso em maio.

A unidade do conjunto dos movimentos sociais, de partidos políticos e de segmentos do campo popular-progressista impulsiona a frente ampla contra Bolsonaro. Mas não se trata apenas de setores organizados. As manifestações de ruas têm acolhido – e vão acolher cada vez mais – brasileiros e brasileiras sem experiência em entidades ou movimentos, mas igualmente indignados com os descalabros da gestão Bolsonaro.

Entre um ato e outro – entre o 29M e o 19J –, a pandemia do novo coronavírus voltou a recrudescer, com o aumento constante da média diária de mortes por Covid-19. Em meio à negligência bolsonarista no combate à crise, o País se aproxima da marca de 500 mil vítimas – eram 493.837 até a noite desta quarta-feira (17).

A vacinação segue em ritmo lento: em pouco mais de cinco meses, apenas 11,4% da população brasileira recebeu duas doses de alguma das vacinas anti-Covid e, assim, está 100% imunizada. Estudo divulgado nesta semana por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista) mostra o custo fatal desse atraso. Conforme a pesquisa, se o Brasil vacinasse diariamente 2 milhões de pessoas entre março a maio, 60 mil vidas poderiam ter sido poupadas (20 mil por mês). Com 2,5 milhões de doses aplicadas por dia, daria para evitar 90 mil mortes.

Insensível às perdas e às dores, individuais e coletivas, o presidente continuou a desafiar as autoridades sanitárias e a ciência. Nesta primeira quinzena de junho, enquanto as omissões criminosas de seu governo vinham à tona na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado, Bolsonaro promoveu aglomerações – e até uma nefasta “motociata” –, além de trazer a Copa América 2021 ao País.

A polêmica do futebol, por sua vez, expõe novamente o governo brasileiro no Exterior, sobretudo na América do Sul, onde outros países se recusavam a receber o torneio devido ao avanço da pandemia e à onda de protestos populares. Indiferente ao risco, Bolsonaro vê cristalizar sua imagem como pária internacional. Note-se que o 19J contabiliza manifestações em cidades de 15 países – Alemanha, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália, Portugal, República Tcheca e Suíça.

Aos organizadores dos Atos #ForaBolsonaro, cabe, por fim, reiterar sempre a preocupação com a crise sanitária. No Brasil, os atos deste sábado contarão com brigadas de saúde, que vão distribuir gratuitamente máscaras e álcool gel, alertar para os riscos de contágio e ajudar no distanciamento entre os manifestantes. Enquanto as aglomerações bolsonaristas são marcadas pelo tom de desrespeito, provocação e insanidade, as lutas anti-Bolsonaro hão de ser, por si só, exemplos na defesa da vida, contra o negacionismo. Fora, Bolsonaro!


Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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