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Segunda-feira, Novembro 4, 2024

Prémio Personalidade Lusófona 2018 atribuído a Manuel Araújo

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

Discurso de apresentação e justificação da atribuição do Prémio Personalidade Lusófona 2018 ao Professor Doutor Manuel Araújo.

Ilustre Senhor Presidente do Movimento Internacional Lusófono (MIL) Doutor Renato Epifânio.
Ilustre Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Ilustres membros do Movimento Internacional  Lusófono (MIL).
Ilustres membros Honorários do Movimento Internacional Lusófono (MIL) representados pelo professor Pinharanda Gomes.
Ilustre Presidente do Conselho Municipal de Quelimane Professor Doutor Manuel Araújo e galardoado.
Ilustre Senhor Ministro Conselheiro da Embaixada da República de Moçambique em Portugal Dr. Ananias Sigauque.

Estamos aqui reunidos nesta histórica e nobre sala “Algarve” da Sociedade de Geografia de Lisboa para homenagear mais uma distinta personalidade do nosso espaço histórico, cultural e linguístico intercultural comum, que congrega povos diversos unidos pela história que nos foi legada.

Depois de Portugal, Brasil, Galiza, Guiné-Bissau e Angola, chegou a hora de Moçambique. Bem haja MIL (Movimento Internacional Lusófono) por este momento único!

Naturalmente, houve, há e haverá sempre critérios a respeitar na escolha das personalidades. Critérios sérios, muito sérios; critérios que priorizam o mérito, um mérito inquestionável.

Isso faz-me lembrar o incidente ocorrido recentemente no Prémio Femina de que faço parte da Comissão de honra permanente, em que apareceu no jantar da gala uma irmã brasileira que insistia em entrar e perguntava quanto custava o Prémio, que estava interessada em ganhá-lo. Por outras palavras meteu o mérito na gaveta. Aqui prioriza-se o mérito; se houve lobbie (palavra usada pelo ilustre presidente do MIL) foi para premiar Moçambique, pois era chegada a sua vez , apenas e só!

Manuel Araújo, é além de político, Presidente do Conselho Municipal de Quelimane, membro do MDM[1] (Movimento Democrático de Moçambique), ilustre académico em universidades moçambicanas.

Um filho de Quelimane (cidade onde foi construído o histórico Forte de São Martinho) junto ao rio que foi baptizado pelos portugueses como dos bons Sinais, ali mesmo à beira do Cuacua.

Este jovem político desafiou todas as previsões e estratégias políticas ao decidir candidatar-se como membro de um jovem partido moçambicano (Movimento Democrático de Moçambique)* contra dois partidos hegemónicos e sem dúvida maiores que polarizam a política moçambicana (Frelimo e Renamo) e ganhou contra todas as previsões mais pessimistas e fatalistas com o voto popular. E já vai no terceiro mandato vitorioso.

Quelimane era até então, uma cidade fantasma, moribunda(com infraestruturas degradadas, velha, esburacada, com lixo por recolher e tratar, sem esperança), depois de um passado cheio de vitalidade, em que as suas indústrias transformadoras  e as históricas companhias não só exportavam para o exterior do país, mas alimentavam a sua riqueza interna, permitindo que o desenvolvimento se expandisse em todo o território nacional.

Infelizmente esse ciclo de desenvolvimento foi bruscamente interrompido com o fim da linha Quelimane / Mocuba, com a interrupção ou deslocalização de grandes projectos, o fim das inúmeras indústrias transformadoras, o fim das grandes companhias (tais como a Madal, a Boror, Sena Sugar States  entre outras) geradoras de emprego, riqueza e desenvolvimento; o fim do único Cine-Teatro da cidade o “Águia” um ex libris desta urbe, pois já tinha encerrado o Cine Chuabo e o Cine Estúdio, o fim do supermercado Monte Giro, da grande loja de tecidos e vestuário Casa Bulha e de tantas outras infraestruturas  importantes.

A ascensão deste jovem “gigante” político a quem auguro grande futuro (se o deixarem), que trouxe práticas de proximidade ao povo esquecidas ou arrumadas nos baús da história, trouxe o respeito aos mais velhos que andou apagado da memória colectiva e trouxe também uma vontade única de reconstruir e construir um Quelimane moderno, limpo e sustentável, internacionalizando o nome da cidade e a sua história, através de parcerias internacionais; trouxe também a vontade sincera de reforçar os laços históricos que unem esta bela cidade a Portugal e aos portugueses, reforçando cada dia mais e mais a geminação que mantém com a cidade do poeta Bocage, baptizada de Setúbal.

Democrata convicto, traz uma visão nova que obviamente nunca agradará a Gregos e Troianos (o que é normal), mas irá fazer germinar nos jovens um espírito novo, um espírito tolerante, pluralista, democrático, multipartidário, multiétnico, multirreligioso e acionalista.

A democracia pluralista e tolerante é um bem precioso a preservar e defender. Tudo isto porque é essa a vontade do povo quelimanense, zambeziano e moçambicano, que é expressa regularmente nas urnas. Portanto, voto legitimado pelo povo.

Temos de compreender a história para sabermos interpretá-la. E ele não só a compreende e interpreta correctamente como a encarna verdadeiramente.

Por tudo isto, está perfeitamente  justificada a atribuição mais do que justa deste Prémio.

De resto, outros nomes maiores de Moçambique poderiam ser elegíveis para o Prémio, como Dom Jaime Gonçalves (já falecido), Cardeal Dom Alexandre Maria dos Santos, Bispo Dom Manuel Vieira Pinto, Dom Dinis Sengulane, Dr. Carlos Tembe (antigo edil da Matola, precocemente  falecido), Jacinto Ricardo(primeiro edil de Quelimane pós-independência, já falecido) ou Mahamudo  Amurane (antigo edil de Nampula, recentemente assassinado).

Muito obrigado.

Parabéns Manuel Araújo.
Parabéns Quelimane.
Parabéns MIL (Movimento Internacional Lusófono).
Parabéns Moçambique.
Parabéns Portugal.

 

[1] Manuel Araújo saiu entretanto do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) e aderiu ao Partido Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) e é com este Partido que concorre às próximas  eleições autárquicas para tentar novo mandato.

 

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