Se, foram os melhores alunos dos melhores cursos de economia e finanças que nos colocaram na crise económica e financeira, então, por que não haveriam os reitores de ser responsabilizados por isso?
Como podem eles ter contratado professores que formaram seres humanos de tão baixo calibre?!?
Esta é uma questão cuja extensão não se esvai nos banqueiros ou nos ministros… A educação, a formação, ou a falta dela, jogou um papel fundamental nesta crise.
Os melhores entre os melhores…
Lembro-me, de há alguns anos, ter ficado muito alarmado quando me disseram que Zeinal Baba teria ganho o prémio de CEO do ano, não sei das quantas… A minha resposta foi: ai ele é assim tão bom? Então, por que não o colocam a gerir a CP, ou a TAP ?!? A PT era demasiado fácil… Mas, enganei-me… A péssima prestação do melhor CEO da Europa (2011) tinha arruinado o que eu imaginava como intocável. Mais, uma vez o “melhor dos melhores”… Resultado? O pior dos piores!!!
De uma coisa tenho a certeza , enquanto os curricula dos cursos que nos colocaram na crise não forem alterados, não serão os melhores alunos das melhores universidades, que nos irão tirar dela!
Resisto logo existo
Contrataram-se os melhores alunos das melhores universidades para gerir as melhores empresas públicas e privadas e o resultado foi o que qualquer um poderá atestar.
Esse foi o modelo europeu de governança empresarial nos últimos 20 anos. Estava errado! Os mapas excel, as previsões, os mercados, as tendências económicas, os modelos financeiros,…, são , tão somente, meros indicadores entre tantos outros.
Isto, não é mais importante que a formação em sentimentos, atitudes e valores. Mas, o que é que se fez até ao momento com o propósito de alterar o paradigma científico destes cursos?
Este modelo de administração e liderança expandiu-se ao universo de áreas fundamentais, como será o caso do ensino e da saúde.
As artes e as humanidades foram desconsideradas, desorçamentadas, desclassificadas… Com o desinvestimento nestas áreas conseguiu-se o resultado que todos conhecemos… Perdemos a capacidade de questionar, de resistir… de ser…
A mercantilização do saber
Arrepiei-me com uma notícia recente. O número de licenciados em Portugal subiu de 12,9% , em 2002, para 31,9% em 2015. E, quando eles souberem que , afinal, Michel Foucault tinha razão? Agora, que todas as pessoas que adquirem um diploma sabem que ele nada lhes serve, não tem conteúdo, é vazio. O que fazer?!? Acho que o diploma foi feito precisamente para os que não o têm. Assim falou Foulcault… Pois é, o diploma serve apenas para constituir uma espécie de valor mercantil do saber.
Neste momento em que tantos têm a chave na mão, finalmente, irão enfrentar a mais dura das realidades! Afinal, não existe porta… Agora, também, os diplomados vão saber qual é o som de uma única mão aplaudindo. E, isto é tudo menos justo!
A terminar gostaria de salientar que na banca, nos governos, no ensino, nas reitorias, continuamos a encontrar gente que merece todo o nosso respeito. E, são esses que me levam a escrever este artigo.
Concluindo, a reboque de um mundo irresponsável todas as estratégias falham.
O que será executar um objectivo económico ou financeiro sem antes saber quais os valores que podem justificar não o cumprir?!?
Isso tem de ser ensinado, também, nas escolas de gestão, economia e finanças.