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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Presidente da FORGES está em Timor-Leste

J.T. Matebian, em Timor-Leste
J.T. Matebian, em Timor-Leste
Correspondente em Timor-Leste.

A Presidente da Direção da FORGES encontra-se em Timor-Leste. O sorriso estampado no rosto de Margarida Mano foi registado à saída do aeroporto de Díli.

De seguida descreve-se na íntegra a entrevista inédita realizada à Prof. Doutora Margarida Mano, logo no primeiro dia da sua chegada, a 25 de Fevereiro de 2024.

Senhora Presidente, qual é o objetivo desta Associação? O que representa a FORGES?

A FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa é uma associação constituída em 2011, cuja principal missão é promover uma rede de colaboração, de estudo, investigação e de formação na área da gestão e das políticas de Ensino Superior no âmbito dos países e regiões de língua portuguesa.

Com a FORGES pretendeu-se criar e consolidar, uma rede, no espaço dos países e regiões de língua portuguesa, sensibilizando os decisores da política educativa, articulando e fazendo comunicar os membros dos órgãos de gestão das instituições de ensino superior, técnicos e responsáveis da administração ligada ao sector, e os investigadores cujo objeto de estudo fossem as políticas e a gestão do ensino superior, que contribuísse para a realização qualificada de mudanças transformadoras.

Graças à convicção, ao trabalho e ao envolvimento de muitos podemos dizer, com orgulho, que esse objectivo foi conseguido. A FORGES constitui-se como um polo de conhecimento de experiências e pessoas – académicos, dirigentes e profissionais – no que se refere aos modelos, teorias e políticas do Ensino Superior, com impacto para o desenvolvimento das instituições, países e regiões de Língua Portuguesa.

De concreto, o que é que têm realizado desde 2011?

Ao longo destes 12 anos a FORGES tem vindo a desenvolver actividades, criado espaços de reflexão e participação, nas Conferências Anuais, na Revista FORGES e na Academia FORGES, com webinars regulares, disponíveis no site www.aforges.org. Deste trabalho conjunto resultou a rede de que hoje nos orgulhamos, com mais de 60 associados institucionais, na sua maioria Instituições de Ensino Superior (IES), e 400 individuais, espalhados pelos 9 Países e Regiões de Língua Portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Timor-Leste está presente na FORGES. Desde quando e de que maneira se faz sentir a presença do nosso país na rede?

Timor-Leste tem tido uma presença que muito nos honra desde o início. Uma presença que se traduz pela participação regular nas Conferências anuais dos sucessivos Reitores da UNTL, de professores e investigadores que trabalham a gestão universitária e que aí apresentam os seus trabalhos, pela participação em webinars temáticos, etc. São associados institucionais da FORGES e membros da Rede de Sustentabilidade criada na 13ª Conferência FORGES, em novembro passado, a Universidade de Díli e a Universidade Nacional Timor Lorosa’e. Temos ainda tido o privilégio de contar com a presença na direção da FORGES do Prof. Doutor Manuel Azancot de Menezes, associado individual que tem ajudado nesta construção desde há muitos anos.

Encontra-se desde Domingo no nosso país onde ficará até ao próximo dia 1 de Março. Qual o motivo da visita da Presidente da FORGES a Timor-Leste?

Venho com a alegria e a satisfação de ajudar a tornar possível um sonho da FORGES e de Timor-Leste: realizar a 15ª Conferência FORGES, no próximo ano de 2025, em Díli.

A Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL); a Universidade Católica Timorense São João Paulo II (UCT) e a Universidade de Díli (UNDIL) manifestaram a sua intenção de, em conjunto com a FORGES, acolher a Conferência Anual. É um sonho de há algum tempo que agora parece ter condições de se concretizar. As três Universidades propõem-se envolver as restantes Instituições de Ensino Superior de Timor-Leste, em coordenação com o Ministério de Ensino Superior, Ciência e Cultura. Acreditamos todos que para além de contribuir para consolidar e desenvolver os laços de amizade entre os povos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, irá reforçar a cooperação da rede lusófona de ensino superior e investigação científica com as Instituições de Ensino Superior de Timor Leste.

Repare que a FORGES promoveu já 13 Conferências anuais, em diferentes Países e Regiões de Língua Portuguesa: Universidade de Lisboa e Universidade de Coimbra (Portugal, 2011), Instituto Politécnico de Macau (2012), Universidade do Recife (Brasil, 2013), Universidade Agostinho Neto – Luanda / Universidade MandumeYa Ndemufayo – Lubango (Angola, 2014), Universidade de Coimbra (Portugal, 2015), Universidade de Campinas (Brasil, 2016), Universidade de Maputo (Moçambique, 2017), Universidade de Lisboa (Portugal, 2018), Universidade de Brasília (Brasil, 2019), Universidade de Évora (Portugal, 2020), Setúbal (Portugal, 2021 em coorganização com o Instituto Politécnico de Macau), Universidade de Cabo Verde (Cabo Verde, 2022), Universidade  Católica Portuguesa (Portugal, 2023). A 14ª Conferência regressará este ano ao Instituto Politécnico de Macau.

13ª Conferência FORGES realizada na Universidade Católica Portuguesa

Nestes dias que vai estar em Díli que contactos vão ser estabelecidos? Que resultados e que projectos espera concretizar?

Será uma agenda cheia. O Senhor Ministro do Ensino Superior, Ciência e Cultura, Dr. José Honório da Costa Jerónimo, concede-nos uma audiência onde abordaremos a preparação da 15ª Conferência e outros projectos que a FORGES pode desenvolver com Timor-Leste. Teremos naturalmente contactos bilaterais com as Universidades organizadoras e procuraremos sensibilizar outros actores nacionais para se juntarem a este evento que será da maior importância no panorama do Ensino Superior da Língua Portuguesa.

Na sua perspectiva quais os principais desafios que as universidades de Timor-Leste em conjunto com a FORGES enfrentam?

A missão da FORGES assenta num tripé: Gestão; Ensino Superior e Língua Portuguesa.

A Língua Portuguesa é um activo estratégico que a FORGES elegeu como centro da sua acção. A Língua Portuguesa é hoje a língua mais utilizada no hemisfério sul, com 217 milhões de falantes, e a sexta língua mais falada em todo o mundo, por 260 milhões de pessoas espalhadas por quatro continentes.

Se olharmos para o passado e para o futuro vemos também o seu valor: foi a que teve um maior crescimento nos últimos 500 anos (a única, entre as línguas mundiais, que cresceu mais de 1% ano) e a concretizar-se o crescimento esperado a nível demográfico dos países africanos de expressão portuguesa e de Timor-Leste, praticamente duplicará o número de falantes de português no mundo. De acordo com as projecções demográficas das Nações Unidas a língua portuguesa será, a seguir à língua árabe, a língua materna que mais crescerá no século XXI. A língua portuguesa é ainda a quinta mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais Facebook e Twitter.

Em simultâneo, o Ensino Superior tem particulares responsabilidades e compromisso na defesa da Língua Portuguesa e do seu papel na preservação da civilização e da cultura.

Portanto eu diria que a defesa da Língua Portuguesa é em simultâneo uma bandeira da FORGES e das Instituições de Ensino Superior de Timor-Leste que lutam pela sua afirmação. O principal desafio que se coloca a toda a CPLP é assumir uma Política de Língua Portuguesa que faça jus ao seu potencial.

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